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Líder da Catalunha denuncia "pior ataque à democracia desde Franco" na Espanha

O presidente da região autônoma da Catalunha, Carles Puidgemont, afirmou durante discurso neste sábado (21) que “não é a primeira vez que as instituições catalãs recebem um golpe de Estado” do governo espanhol. Cerca de 450 mil separatistas catalães, liderados por Puigdemont, protestaram também neste sábado à tarde em Barcelona, pedindo "liberdade" e "independência".

O presidente da região da Catalunha, Carles Puigdemont , durante pronunciamento no Parlamento de Barcelona, em 21 de outubro de 2017.
O presidente da região da Catalunha, Carles Puigdemont , durante pronunciamento no Parlamento de Barcelona, em 21 de outubro de 2017. Catalunya/Handout via REUTERS
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Para o presidente da Catalunha, que se pronunciou em castelhano e inglês neste sábado (21) no Palácio da Generalitat, sede do governo autônomo, a decisão de utilizar o artigo 155, anunciada hoje pelo premiê espanhol Mariano Rajoy, para suspender o governo local, foi “o pior ataque à Catalunha desde que o general Franco aboliu a Generalitat, como é conhecida a região autônoma.

Carles Puigdemont afirmou ainda, durante seu discurso, que pedirá ao Parlamento “que realize uma sessão” para discutir a tentativa de liquidar “a nossa democracia". “Dependendo do resultado do plenário, o Parlamento atuará em conformidade”, completou.

Puidgemont saiu fortalecido da ampla manifestação que reuniu quase meio milhão de independentistas na tarde deste sábado, nas ruas de Barcelona.

Suspensão de Rajoy atiçou manifestantes em Barcelona

"É hora de declarar a independência", disse Jordi Baltá, de 28 anos, funcionário de uma papelaria, acrescentando que já não há espaço para o diálogo. A polícia local de Barcelona, a Guarda Urbana, registrou um total de 450 mil manifestantes, mais do dobro que no último protesto separatista, na terça-feira (17).

A manifestação havia sido convocada, originalmente, para exigir a libertação de dois líderes de organizações independentistas, Jordi Cuixart, da Omnium Cultural, e Jordi Sánchez, da Assembleia Nacional Catalã. No entanto, o anúncio do governo de Mariano Rajoy de que pedirá ao Senado - a câmara competente - a destituição do governo independentista e a convocatória de eleições regionais em seis meses deram ainda mais relevância ao protesto.

A chegada de Puigdemont à frente do cortejo foi saudada com gritos de "presidente, presidente!". Ao seu lado, os demais membros do executivo catalão, ameaçados se o Senado - onde o partido de Rajoy tem maioria absoluta - aprovar as medidas do chefe de governo.

"Nos sentimos catalães, e o sentimento de espanhóis já não existe, o povo catalão está desconectado completamente das instituições espanholas, sobretudo do que é o Estado espanhol", disse Ramón Millol, mecânico de 45 anos. "Me sinto totalmente indignada e sumamente triste, porque sinto que eles pisam em nossos direitos e em nossas ideias como catalães", afirmou Meritxell Agut, bancária de 22 anos. "Podem destruir o governo, podem destruir tudo que quiserem, mas nós vamos continuar lutando", assegurou Agut.

A sociedade catalã está dividida entre os que querem a independência e os que não a querem, mas a intervenção do governo espanhol na administração regional poderia desagradar parte do segundo grupo, como escreveu no Twitter a prefeita de Barcelona, Ada Colau: "Rajoy suspendeu o autogoverno da Catalunha pelo qual tanta gente lutou. Um grave ataque aos direitos e liberdades de todos, aqui e em todos os lugares".

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