"Tapiocaria" de brasileira vira street food da moda em Berlim
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Nem feijoada, nem caipirinha. Para entrar no mercado gastronômico alemão, a designer pernambucana Mariana Pitanga, radicada em Berlim, investiu num produto diferente.
Cristiane Ramalho, correspondente da RFI em Berlim
Três anos atrás, no rastro do sucesso da comida de rua na capital alemã, Mariana abriu a Tapiocaria – um restaurante itinerário especializado em tapiocas. Hoje, a marca pode ser encontrada em eventos na Alemanha, Suíça e Áustria.
A ideia surgiu durante uma visita ao badalado Markthalle Neun, mercado de street food, no bairro de Kreuzberg, que atrai alemães e turistas do mundo inteiro. “Já queria trabalhar com gastronomia, e vi que ali tinha uma boa oportunidade”, diz a designer, que vive há sete anos na Alemanha.
Pernambucana do Recife, Mariana resolveu investir num produto que conhece bem – mas que para os alemães é algo tão novo, que desperta curiosidade. “Eles ficam impressionados quando olham aquela bacia enorme, com um pó branco, que eu jogo numa panela quente e sem gordura, e em cinco segundos se transforma num pão”, diverte-se.
A brasileira conta com a ajuda do marido alemão, Peter Westerhoff, seu sócio na Tapiocaria. Juntos, eles conseguiram expandir o negócio.
Além do Markthalle – o endereço fixo do pequeno restaurante móvel - a marca fez sucesso durante o verão europeu em diversos festivais de música, como o Lollapalooza, e eventos de street food.
Para ter mobilidade, o casal investiu num food truck – um caminhão de comida - e num trailer. “Temos até clientes fixos. Quando eles chegam, a gente já sabe o que vão pedir”, diz Mariana.
O casal está também no mercado de catering, e já têm empresas como Adidas e Havaianas no currículo.
Tapioca de brigadeiro
O preço pode ser salgado para os padrões brasileiros. Mas não espanta os clientes, que pagam, em média, R$ 20 pela tapioca. Entre os sabores, desde a tradicional de queijo com coco, até experimentos como goibada, carne seca, vegana e caprese.
Para achar os ingredientes, a brasileira percorre o circuito de mercadinhos em Berlim: “Não é tão difícil porque é uma cidade multicultural, com lojas de produtos brasileiros, sul-americanos, portugueses, africanos e asiáticos. Então, a gente acaba achando muita coisa”.
O que não tem, ela inventa. Como a carne seca usada no recheio da tapioca sertaneja, que antes de ser servida é salgada por Mariana, num método caseiro. “É um processo mais longo, mas fica mais original.”
Toda em preto e branco, a marca da Tapiocaria também é única. “Quis sair do lugar-comum de só usar as cores brasileiras, e usei como símbolo o ‘cobogó’ criado por um amigo meu, o Guilherme Luigi, que me concedeu para esse projeto”.
Home made, mas 100% profissional
Ao abrir o negócio, Mariana aprendeu que na Alemanha, em termos de burocracia, não dá pra ter pressa, nem há espaço para o improviso. “Como dizem por aqui, trabalhar com comida é estar com um pé na cadeia, arriscado a um processo judicial. O controle é bem rígido. Por isso, a gente teve que começar com tudo certinho. É home made, mas é 100% profissional”.
Recentemente, eles tomaram um susto. Tiveram seu trailer arrombado numa rua de Berlim. Mas a polícia conseguiu recuperar parte do material, reduzindo o prejuízo.
Agora, é olhar para o futuro. Os planos são investir numa food bike – uma bicicleta para vender tapioca e açaí pelas ruas da capital. E, se depender da brasileira, eles não vão parar por aí. “Meu sonho é abrir um café, com comida regional brasileira”. E com tapioca no cardápio, claro.
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