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Linha Direta

Desistir do Brexit já vira hipótese no Reino Unido

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A União Europeia e o Reino Unido começaram uma rodada crucial de negociações para o Brexit esta semana. Já no primeiro dia de reunião, os dois lados se desentenderam sobre quem deveria dar o próximo passo para destravar as conversas sobre a saída do Reino Unido do bloco europeu.

A União Europeia e o Reino Unido começaram mais uma rodada de negociações para o Brexit esta semana.
A União Europeia e o Reino Unido começaram mais uma rodada de negociações para o Brexit esta semana. Daniel LEAL-OLIVAS / AFP
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Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas

Dentro de um ano e meio, o Reino Unido vai estar fora da União Europeia. Quase não houve progresso desde que as negociações entre os dois lados começaram, em junho passado. O tempo está passando mais rápido do que os negociadores britânicos gostariam.

A desordem e falta de coesão política em Londres está ficando insustentável. E quem negocia com quem é totalmente desorganizado, perde a paciência. É o caso da União Europeia. Esta rodada é crucial porque teria que haver progressos concretos para que os líderes do bloco pudessem avaliar no próximo Conselho Europeu, 19 e 20, em Bruxelas.

O governo britânico está profundamente divivido sobre o Brexit. Mesmo com a saída da União Europeia, no futuro, a dependência da economia britânica do bloco não vai desaparecer. Para alguns britânicos, seria possível concordar com um Brexit sem acesso contínuo ao mercado comunitário. É o chamado “Hard Brexit” – o Brexit duro. Porém, este tipo de saída tem pouco apoio no Reino Unido. O governo da primeira-ministra britânica Theresa May quer negociar um acordo sobre as futuras relações.

"Bola está no campo do Reino Unido"

A União Europeia também quer, mas insiste que antes é preciso fazer progresso importante sobre as três primeiras questões que estão em cima da mesa de negociações. Em primeiro lugar, ambos os lados querem negociar uma maneira justa de se separar. Mas o impasse continua e ninguém avança. Ontem, no Parlamento britânico, a primeira-ministra Theresa May garantiu que as negociações do Brexit tem tido um progresso “real e tangível” e afirmou “que a bola está do lado da União Europeia”. Bruxelas rebateu dizendo que “a bola está totalmente no campo do Reino Unido para que o resto aconteça”.

Direitos dos cidadãos

Nesta fase, os negociadores do Brexit tem tentado resolver quais serão os direitos que os três milhões de cidadãos europeus que vivem no Reino Unido e os cidadãos britânicos que moram em países da UE vão ter depois do Brexit, como gerenciar a fronteira hipersensível entre a Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido, e a Irlanda, que permanece na União Europeia, e talvez a questão mais complicada, o pagamento da multa que o Reino Unido teria que pagar pelo Brexit. Estimativas do bloco europeu indicam que o valor desta controversa conta do “divórcio”, a ser paga pelos britânicos, seja de € 100 bilhões.

Tanto mais as negociações do Brexit ficam caóticas, maior o risco que o processo termine sem um acordo. A divisão dentro do governo britânico é em parte provocada pela campanha quase aberta que o ministro das Relações Exteriores do país, Boris Johnson, tem feito contra a posição de Theresa May nas discussões sobre o Brexit. Os líderes europeus agora questionam se May tem realmente autoridade política para levar adiante as negociações rumo a um acordo satisfatório.

Parece que a alternativa de simplesmente abandonar o negócio tem ficado mais interessante. A premiê britânica inclusive está sob pressão para publicar uma análise jurídica, solicitada pelo seu próprio governo, que mostra ser possível colocar um fim no processo do Brexit antes do final de março de 2019 – data oficial da saída do Reino Unido. O interessante é que este pensamento, o “exit from Brexit”, que significa sair do Brexit , que antes era veementemente recusado, já existe na cabeça de quem move as engrenagens do governo britânico.

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