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Casamento gay entra em vigor na Alemanha

A Alemanha celebra neste domingo (1) os primeiros casamentos gay do país. A lei que legalizou a união e a adoção por casais homossexuais, votada em 30 de junho, entrou em vigor hoje. Apesar de ser domingo e dia de repartições públicas fechadas, várias cidades como Berlim, Hamburgo ou Frankfurt decidiram realizar as cerimônias. A Alemanha é o 15° país europeu e o 20° do mundo a adotar o casamento gay.

O casamento gay de Karl Kreile (de barba) e Bodo Mende foi um dos primeiros a ser realizado neste domingo (1°), na Alemanha.
O casamento gay de Karl Kreile (de barba) e Bodo Mende foi um dos primeiros a ser realizado neste domingo (1°), na Alemanha. RFI/Cristiane Ramalho
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Por Cristiane Ramalho, correspondente da RFI em Berlim

Neste domingo (1), entrou em vigor a lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Alemanha. Um dia histórico para a comunidade LGBT, que há décadas lutava para que isso fosse possível.

O primeiro casal a realizar este sonho está junto há 38 anos. Bodo Mende, de 60, e Karl Kreile, de 59 anos, se casaram às 9h30, num cartório público de Schöneberg, tradicional bairro gay da capital alemã. Eles já tinham assinado um contrato de união civil há 15 anos. Mas a nova certidão tem outro peso.

Com a nova lei, diz Jörg Steinert, porta-voz da Associação de Lésbicas e Gays em Berlim, os homossexuais casados passam a ter os mesmos direitos que os heterossexuais em questões como herança, impostos e adoção de crianças.

“Em um casamento de verdade, o Estado alemão passa a nos reconhecer como iguais em direito”, diz Karl. “Finalmente, a nossa união não é mais de segunda classe”, comemorou Bodo.

Cidades como Hannover, Stuttgart e Hamburgo também saíram na frente, e permitiram a realização de casamentos ao abrir as repartições neste domingo.

Bodo e Karl com Jörg Steinert, porta-voz da Associação de Gays e Lésbicas da Alemanha que prestigiou o casamento.
Bodo e Karl com Jörg Steinert, porta-voz da Associação de Gays e Lésbicas da Alemanha que prestigiou o casamento. RFI/Cristiana Ramalho

Janela histórica

A entrada em vigor da nova lei coincide com uma onda de crescimento da ultradireita no país, que viu o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) chegar ao Parlamento como a terceira força política do país. Nas eleições gerais de 24 de setembro, a sigla elegeu 94 deputados. Algo inédito!

“Foi uma janela histórica. Com a nova composição do Bundestag, talvez isso não fosse possível hoje”, diz Karl. O AfD, partido que defende a família tradicional, é visto por ele como um inimigo da causa LGBT: “Uma de suas líderes, Alice Weidel, é lésbica. Mas ela se opõe aos direitos iguais para os homossexuais”.

A aprovação do casamento gay, às vésperas das eleições gerais, só foi possível porque a primeira-ministra Ângela Merkel liberou sua bancada conservadora para votar de acordo com a própria consciência.

Para muitos, um cálculo político, já que a maioria dos alemães é a favor da união legal entre homossexuais. Com a aprovação, a primeira-ministra esvaziou uma das principais bandeiras de campanha da oposição. Ela mesma, no entanto, votou contra.

Longa espera

Funcionários públicos, Bodo e Karl se conheceram no final dos anos 70, quando militavam pelo direito dos homossexuais num cenário bem mais hostil.

“O fato de a sociedade hoje apoiar em massa o casamento homossexual é resultado de uma dura luta. Mas a homofobia ainda existe, e até aumentou em alguns lugares. Não só na Alemanha, mas em outros países da Europa”, diz Bodo.

Ele acredita que esse é um “processo histórico”. Se antes a luta era pelo casamento, hoje o cenário é outro. “Agora temos uma geração de famílias LGBT. Lésbicas e gays, que estão com 30 ou 40 anos, que podem discutir se querem ou não ter filhos, e em qual constelação familiar eles vão crescer. Um mundo totalmente diferente”, disse Bodo RFI.

O casal já não sonha mais em ter filhos. Mas programou uma pequena viagem de lua de mel para Viena, na Áustria.

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