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“Referendo catalão pode resultar em violência social”, prevê cientista político espanhol

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Neste domingo (1°) os catalães programaram um referendo de autodeterminação para decidir se devem se separam  ou não da Espanha. A consulta popular é considerada inconstitucional e o governo espanhol aumenta a pressão para impedir sua realização.

O cientista político Ángel Rivero Rodríguez, professor da Universidade Autônoma de Madri.
O cientista político Ángel Rivero Rodríguez, professor da Universidade Autônoma de Madri. Arquivo Pessoal
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Em entrevista à RFI Brasil, o cientista político e professor da Universidade Autônoma de Madri, Ángel Rivero Rodriguez, esclareceu que a consulta popular não pode ser chamada de referendo. “A constituição espanhola determina que só o governo da nação tem a possibilidade de fazer um referendo consultativo”, explicou.

“O governo regional catalão não tem atributos para fazer uma convocatória de um referendo. Provavelmente o que vai haver é uma manifestação política de afirmação do nacionalismo catalão”, avalia.

Apesar da grande mobilização e divulgação externa do ato político, Ángel não vê muita diferença com relação a outras três consultas populares realizadas nos últimos anos.

“A primeira delas, também organizada pelo governo regional, teve uma participação muito baixa, de cerca de 30%, e só se expressaram os que defendiam a independência. A segunda vez foi nas eleições regionais, quando tentaram votar como eleições de um plebiscito. Na época, a população ficou dividida”, lembrou.

“O governo regional, como tinha maioria no Parlamento prometeu declarar independência em dezoito meses, o que não aconteceu. Por isso, criaram a ideia de fazer uma nova consulta agora”, explicou.

Risco de revolta e frustração

A tensão crescente com a realização do referendo e a postura do governo central de Madri de tentar impedir a votação geraram um clima que pode evoluir para uma violência mais ampla, na análise do especialista. “Há um confronto entre a legalidade constitucional e a afirmação populista do governo regional da Catalunha. Isso cria uma violência constitucional que ainda não se transformou em violência social, mas é uma possibilidade que pode acontecer”, alerta.

O resultado do ato político de domingo, se for a favor da independência, pode também gerar revolta na população, porque será difícil transformar o desejo nacionalista catalão, segundo Rivero.

“Se no domingo celebra-se a afirmação nacionalista dos independentistas, e depois não consegue ir adiante com essa afirmação, a frustração social pode provocar um tipo de violência, que agora está latente mas no futuro não sabemos o que pode acontecer”, acrescenta.   

“A região da Catalunha ficou agora no terreno da irracionalidade completa e da insegurança jurídica porque os independentistas prometeram que se o resultado deste ato político chamado de referendo fosse uma afirmação do desejo de independência dos catalães, iriam proclamar imediatamente a independência da Catalunha”, lembrou.

“Juridicamente pode ser chamado de um ato de rebeldia, revolução ou algo do tipo. Não sabemos o que pode acontecer, mas talvez um ato de pronunciamento, como no século 19. Talvez seja uma expressão verbal, mas que não tem possibilidade de prosperar. A possibilidade de cumprir esse desejo dos independentistas em uma realidade é muito complicado”, conclui.

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