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Alemanha

Pela 1ª vez desde a Guerra, extrema-direita pode entrar no Parlamento alemão

O partido de extrema-direita AfD, criado em 2013, avança com chances de êxito na campanha das eleições legislativas na Alemanha. A legenda populista, que é contra o euro, imigrantes e muçulmanos, pode conquistar cerca de 10% dos resultados e entrar, pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial, no Bundestag.

Material de propaganda dos candidatos da AfD na região de Berlim.
Material de propaganda dos candidatos da AfD na região de Berlim. RFI
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Enviado especial a Marzahn-Hellersdorf

As vésperas da eleição, o partido AfD (Alternativa para a Alemanha) continua em busca de votos. Mas no restaurante de Marzahn-Hellersdorf, uma periferia pobre do leste de Berlim, onde os militantes organizam um dos últimos comícios da campanha, o clima já é de comemoração. Afinal, há semanas as pesquisas de opinião apontam que a legenda deve conquistar o número de votos suficientes para entrar no Parlamento federal.

Na plateia, o público acompanha com atenção – e imensos copos de cerveja – os discursos dos candidatos. O cardápio é sempre o mesmo: criticar Angela Merkel, da CDU, ridicularizar Martin Schulz, do SPD, desprezar o liberal FDP, ou ironizar as propostas ecologistas. Mas o principal tema, presente em todos os discursos, é a luta contra a imigração, contra a entrada de refugiados no país, e contra os muçulmanos.

Criado em 2013 – quando quase conseguiu concretizar seu projeto de integrar o Bundestag –, o AfD ganhou força graças ao debate sobre a gestão da crise migratória, que alimentou os discursos populistas no país. Com as portas abertas por Angela Merkel para receber os cerca de um milhão de refugiados, a direita nacionalista aproveitou para transformar os migrantes, e principalmente os muçulmanos, em bode expiatório para todos os problemas do país.

Jeannette Auricht é uma das candidatas da extrema-direita alemã.
Jeannette Auricht é uma das candidatas da extrema-direita alemã. RFI

Mas para Jeannette Auricht, canditada em Marzahn-Hellersdorf, a imagem do partido começou a mudar bem antes da crise migratória. “Os eleitores estão mais próximos desde a última eleição. Imagino que é porque nosso partido já entrou no Parlamento local, aqui em Berlim e, ao contrário da esquerda, que só promete e não faz nada, eles puderam ver o trabalho do AfD”, comenta a candidata, que participou de um bolão, apostando em 15% de votos para seu partido no domingo.

Principal força de oposição

Wiebke Muhsal, deputada eleita na região de Thüringer também é otimista, e já vê seu o AfD em terceiro lugar ou até mesmo segundo lugar. “Estou com um bom pressentimento”, se empolga a jovem, que provocou polêmica no ano passado ao entrar na assembleia local vestindo uma burca, em um protesto contra os muçulmanos. “Nossos principais temas são a imigração, a luta contra o euro e a política voltada para a família”, martela a deputada.

Ela insiste que seu partido poderá ser “a nova oposição no Bundestag, já que no momento não há oposição”, argumenta. E ela tem razão de se projetar, pois com cerca de 10% dos votos e em caso de uma nova coalizão entre a CDU de Angela Merkel e a SPD de Martin Schultz, o AfD não apenas se tornaria a primeira força de oposição, como também teria o direito a dirigir comissões e até mesmo abrir os debates.

02:12

Reportagem em comício da extrema-direita alemã

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