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Barcelona/terrorismo

"Não tenho medo", gritam mais de cem mil pessoas em Barcelona

Mais de cem mil pessoas marcharam neste sábado (26) em Barcelona contra a violência jihadista. Além da presença do rei espanhol, Felipe 6°, muitas bandeiras independentistas catalãs eram visíveis.

Multidão toma as ruas de Barcelona para protestar contra o jihadismo e a violência.
Multidão toma as ruas de Barcelona para protestar contra o jihadismo e a violência. REUTERS/Albert Gea
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A convocação foi feita pela prefeitura da segunda maior cidade da Espanha e do governo regional catalão. Moradores de Barcelona e visitantes participaram da mensagem de paz após o duplo atentado de nove dias atrás, que deixou 15 mortos na capital catalã e no balneário de Cambrils.

“A melhor resposta: a paz”, “Não à islamofobia”, diziam muitos cartazes no meio da multidão – 500 mil pessoas, segundo a polícia municipal. Havia ainda uma profusão de rosas vermelhas, brancas e amarelas, as cores da cidade.

Vaias para o rei

Pela primeira vez na história da democracia espanhola um monarca participa de uma marcha, apesar das vaias recebidas de manifestantes separatistas.

Uma enorme faixa com a frase “No Tinc Por!” (“Não tenho medo!”, em catalão) abriu o desfile de representantes dos coletivos que participaram dos primeiros momentos de ajuda às vítimas das Ramblas de Barcelona: policiais, bombeiros, médicos, comerciantes que abrigaram pessoas feridas e assustadas em seus estabelecimentos e moradores da área.

Entre elas estava Montse Rovira, de 53 anos, chefe do serviço de emergências sociais da cidade, que após o ataque, contou à AFP, acolheu e ajudou “pessoas que estavam perdidas, sem encontrar seus familiares”. Os psicólogos de sua equipe trabalharam sem descanso acompanhando os parentes nos reconhecimentos de corpos e tratando do estresse pós-traumático de testemunhas, médicos e bombeiros.

De braços dados

“Foram momentos muito duros”, reconheceu a assistente social. “Estávamos preparados a nível logístico, mas em termos psicológicos nunca se está pronto para uma situação dessas”, acrescentou.

Na segunda fila, seguiam políticos e autoridades, como o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, e o presidente do governo regional, o independentista Carles Puigdemont.

Protesto separatista

Depois das autoridades, bandeiras separatistas catalãs vinham acompanhadas de cartazes com os dizeres “Suas políticas, nossas mortes”. Alguns manifestantes queriam denunciar assim a hipocrisia dos representantes do Estado espanhol por marchar contra a violência jihadista, enquanto paralelamente vendem armas a países como a Arábia Saudita, acusados de vínculos com o islamismo radical.

“A solução do problema do terrorismo não é mais barreiras metálicas ou policiais, mas cortar o financiamento do Estado Islâmico”, denunciava Josep Anton Montfort, tradutor aposentado de 64 anos, referindo-se ao grupo extremista que reivindicou os atentados.

Hino de paz e liberdade

Em menos de uma hora o cortejo chegou à Praça da Catalunha, com leitura de mensagens, memória às vítimas e agradecimentos a voluntários e socorristas, que receberam muitos aplausos.

A manifestação teve encerramento com a execução de “El cant dels ocells” (o canto dos pássaros), tema popularizado pelo cellista Pau Casals como hino de paz e liberdade durante a ditadura de Francisco Franco (1939-1975).

 

(com informações da AFP)

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