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Primeira-ministra da Polônia diz que "Macron é arrogante e sem experiência política"

Beata Szydlo reagiu às declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, que criticou severamente nesta sexta-feira (25) a rejeição polonesa a endurecer a diretriz sobre os trabalhadores deslocados.

A primeira-ministra polonesa Beata Szydlo não apreciou as críticas do presidente francês nesta sexta-feira, 25 de agosto de 2017
A primeira-ministra polonesa Beata Szydlo não apreciou as críticas do presidente francês nesta sexta-feira, 25 de agosto de 2017 Agencja Gazeta/Slawomir Kaminski via REUTERS
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O presidente francês Emmanuel Macron criticou severamente nesta sexta-feira (25) a recusa polonesa de endurecer a diretriz sobre os trabalhadores deslocados, classificando de "novo erro de Varsóvia, que se coloca à margem da Europa em vários temas". Palavras que desagradaram, e muito, a primeira-ministra ultraconservadora Beata Szydlo.

Para entender a troca de farpas entre os dois dirigentes, é preciso compreender o conceito de trabalhadores deslocados; assim são chamados os trabalhadores que, usufruindo da livre circulação no bloco europeu, exercem sua profissão em um país que não é o seu. Oriundos, em geral, de nações mais pobres, eles se instalam nas mais ricas para receber salários mais altos. O problema é que seus contratos são fechados com empresas sediadas em seus países de origem, com custos bem mais baixos, criando uma concorrência desleal com a mão-de-obra local.

França quer endurecer as regras

Para combater esse grave problema, na quarta-feira (23) Emmanuel Macron iniciou uma viagem pela Áustria, Romênia, Bulgária e Polônia, para defender uma reforma que endureça as regras que regem o emprego desses trabalhadores europeus deslocados. O objetivo da França é obter um acordo majoritário dentro da União Europeia até outubro, baseado em três pontos: a redução da duração do trabalho no exterior para menos de 24 meses, o princípio da igualdade salarial e o reforço comum dos controles contra fraudes.

Se o presidente francês conseguiu afinar interesses comuns com Áustria, República Checa e Eslováquia, o mesmo não ocorreu com a Polônia. A primeira-ministra Beata Szydlo afirmou que vai rejeitar "até o final" uma reforma da diretriz, defendendo o interesse dos trabalhadores poloneses.

Sem dosar as palavras, Macron não escondeu sua irritação com a posição da Polônia, o país que mais se beneficia desta diretiva e que pretende manter o sistema inalterado. Hoje, cerca de 500 mil poloneses estão registrados como empregados em empresas no seu país mas executam funções em outros Estados do bloco europeu.

Macron: "O povo polonês merece melhor"

"A Polônia não é, em absoluto, o que define o rumo da Europa" afirmou Macron em encontro com a imprensa em Varna (Bulgária), no último dia de sua viagem pelo Leste europeu. "O povo polonês merece algo melhor", acrescentou em resposta à posição da primeira-ministra nacionalista Beata Szydlo.

Macron disse que a Polônia se coloca "à margem" e "decidiu ir contra os interesses europeus em vários temas. "A Europa foi construída para criar convergência, e esse é o sentido dos fundos de convergência que a Polônia recebe. A Europa foi construída sobre liberdades públicas que hoje a Polônia infringe. Este Estado decidiu isolar-se", acrescentou.

Apesar da Polônia ter fechado a porta, Macron tem certeza de que a França conseguiria a maioria necessária para reformar e endurecer esta diretriz, para assim lutar contra o "dumping social", como se comprometeu um sua campanha eleitoral, que pode provocar o desmantelamento da União Europeia.

Quanto a Beata Szydlo, definiu as críticas de "arrogantes", atribuindo a elas uma falta de experiência política. A um site conservador, ela ressaltou que a Polônia tem os mesmos direitos que a França na União Europeia. "Essas declarações arrogantes talvez sejam devido à sua falta de experiência e de prática política", disse Szydlo ao portal wpolityce.pl.

A primeira-ministra pediu a Macron que, no futuro, seja mais reservado: "Aconselho ao presidente que se ocupe dos assuntos de seu país, assim conseguirá obter os mesmos resultados econômicos e o mesmo nível de segurança para seus cidadãos que a Polônia garante", afirmou Szydlo, lembrando que "a Polônia é tão membro da União Europeia como a França. Vamos defender nossa posição até o final, porque é uma posição que está em sintonia com os interesses dos trabalhadores poloneses", disse Szydlo aos jornalistas em Varsóvia.

A Hungria também se alinha à posição polonesa, resistindo às mudanças propostas pela França.

 

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