Itália lembra um ano do terremoto que deixou 299 mortos no centro do país
Um ano depois do terremoto que devastou o centro da Itália, o país presta uma homenagem nesta quinta-feira (24) aos 299 mortos da tragédia, enquanto os sobreviventes continuam lutando contra a lentidão da reconstrução da região.
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Quando, na madrugada de 24 de agosto de 2016, um terremoto de magnitude 6,2 arrasou a cidade de Amatrice e devastou várias localidades do centro do país, a Itália viveu um de seus maiores pesadelos.
No total, 299 pessoas morreram sob os escombros. Valiosos monumentos históricos, como edifícios medievais, da época renascentista, e também de construção recente, foram arrasados. A economia desta próspera região foi completamente abalada pelo incidente.
Poucos meses depois, a mesma região foi sacudida novamente por uma série de fortes terremotos, em 26 e 30 de outubro. Em 18 de janeiro, um novo tremor foi registrado, embora com menos vítimas do que o de agosto. Mas os danos acumulados chegaram a € 23 bilhões.
Na madrugada desta quinta-feira, familiares das vítimas se reuniram para lembrar a fatalidade. Um desfile com tochas foi realizado em meio às ruínas da parte histórica de Amatrice. Às 3h36, hora precisa em que o tremor foi registrado, o sino da igreja vai badalar 239 vezes como homenagem às vítimas da cidade.
Outras cidades, como Accumoli, Arquata del Tronto e Pescara del Tronto, também realizaram homenagens. Na região, além da tristeza, a insatisfação reina devido à demora dos trabalhos de limpeza e reconstrução. Muitos habitantes, que tiveram suas casas destruídas, foram obrigados a se mudar para outras cidades da região. A parte histórica das localidades atingidas permanece sendo zona de risco e só pode ser acessada com autorização especial.
Reconstrução deve durar dez anos
O governo italiano aprovou um fundo de mais de € 6 bilhões para a reconstrução. "Diante de uma sequência inédita de eventos sísmicos, realizaremos medidas e disponibilizaremos recursos sem precedentes", assegurou na segunda-feira (21) o chefe de governo, Paolo Gentiloni.
Até o momento, somente 10% das quatro mil toneladas de escombros foram retirados. A maior parte do material é delicado e deve ser classificado antes de ser enviado para a restauração, a fim de evitar que seja levado para o mercado ilegal de antiguidades.
O plano de reconstrução do governo é ambicioso e conta com um orçamento de € 500 milhões, 12 vezes maior que o dado para Áquila, após o terremoto de 2009. Os trabalhos devem durar cerca de dez anos.
Diferentemente de Áquila, onde as vítimas foram levadas para novos bairros da periferia e o centro histórico ficou vazio, as autoridades esperam recuperar esse valioso patrimônio artístico e cultural. Amatrice quer retomar a beleza do passado, sem os edifícios que a descaracterizaram no século XX, e contar com uma praça que, segundo o traçado do século XV, foi proibida pelo papa daquela época.
Para recuperar o coração da península, a Itália aponta para mudar a mentalidade de um país que não respeita as normas antiterremotos, não usa material adequado e, sobretudo, não leva em conta a sua geografia, sendo uma das áreas sísmicas mais ativas da Europa. O terremoto registrado na segunda-feira (21) na ilha de Ischia, que causou a morte de duas pessoas e o desmoronamento de casas e edifícios, é uma prova disso.
(Com informações da AFP)
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