Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Alemanha registra aumento de ataques contra homossexuais

Publicado em:

A Alemanha é um país liberal. Já teve um prefeito gay à frente da capital, Berlim, e acaba de aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas nem sempre é seguro para os homossexuais. Segundo o Ministério do Interior, nos primeiros seis meses deste ano houve um aumento de 27% nos ataques homofóbicos em relação ao mesmo período do ano anterior.

Alemanha legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em junho deste ano.
Alemanha legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em junho deste ano. TOBIAS SCHWARZ / AFP
Publicidade

Cristiane Ramalho, correspondente da RFI em Berlim

Os ataques envolvem desde lesões corporais até incitação ao ódio, abuso, roubo e extorsão. Foram 130 delitos, contra 102 registrados no mesmo período do ano passado. O número inclui ainda ataques contra bi e transexuais. E em boa parte deles – 35 casos, houve motivação política ligada à extrema-direita.

Os ativistas que lutam pelos direitos dos homossexuais estão preocupados. E prometem pressionar o próximo governo, a ser eleito em setembro, a adotar um programa nacional de prevenção contra a violência homofóbica.

Os novos dados foram divulgados a pedido de um deputado verde e militante da causa, Volker Beck. Ele acusou o governo de não viabilizar ações para evitar esse tipo de violência, que vem crescendo.

O aumento neste primeiro semestre segue uma tendência já registrada no ano passado. E pode ser ainda maior, já que muitas vítimas preferem não denunciar os incidentes.

Sociedade apóia casamento gay

Um sinal de que a sociedade alemã é tolerante em relação aos homossexuais está na forte aprovação ao casamento gay, apoiado por mais de 80% dos alemães. Mas o Parlamento - liderado pelo partido conservador de Angela Merkel -, só deu sinal verde para a proposta em junho, depois que a primeira-ministra liberou a sua bancada a votar de acordo com a própria consciência.

A decisão foi anunciada por Merkel durante uma entrevista, já em clima de campanha eleitoral, em que ela foi questionada sobre o tema por um eleitor gay que vota no seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU).

Ao liberar a bancada, Merkel poderia esvaziar uma bandeira da oposição, e ao mesmo tempo sinalizar uma mudança de postura para seus eleitores mais liberais.

Mas a centro-esquerda, que governa em coalizão com os conservadores, agiu rápido e conseguiu aprovar a proposta antes das eleições do mês que vem.

A própria Merkel votou contra, por uma questão de princípio, como ela mesma justificou. Durante anos, sua resistência ajudou a bloquear a decisão, já aprovada pelo Brasil, e por vários países europeus, como Suécia, Portugal, Espanha e França.

Ser gay era crime até 1994

O Parlamento alemão aprovou ainda um projeto para reabilitar e indenizar dezenas de milhares de homens que foram punidos apenas por sua orientação sexual, passando a história a limpo.

Ser gay na Alemanha era crime previsto no Código Penal, em lei que vigorou de 1949 até 1994, e podia levar à prisão. Mais de 60 mil homens foram julgados com base na legislação, herdada da era nazista.

Muitos foram presos, perderam empregos, sofreram humilhação pública e carregaram o estigma ao longo da vida. Hoje, a perseguição de Estado aos homossexuais é impensável na Alemanha. Mas as agressões recentes mostram que a discriminação ainda está presente, até mesmo em cidades cosmopolitas como Berlim.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.