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Polícia espanhola identifica autor de atentado de Barcelona

A Espanha começa a semana com muitas incógnitas sobre os atentados que atingiram o país. A polícia identificou Younes Abouyaaqoub como o autor do atentado de Barcelona, mas não sabe ainda como o grupo conseguiu fugir da cidade, mesmo com o protocolo de ataques terroristas já ativado.

Younes Abouyaaqoub, autor do atentado de Barcelona.
Younes Abouyaaqoub, autor do atentado de Barcelona. reprodução Twitter
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Luisa Belchior, correspondente da RFI na Espanha

Todos os terroristas de Barcelona tinham entre 17 e 25 anos, possuíam origem marroquina e viviam em Ripoll com suas famílias. Até agora, a polícia acredita que quem conduziu a van foi o jovem Younes Abouyaaqoub.

Segundo informações divulgadas pela polícia na manhã de segunda-feira, ele fugiu a pé pelo mercado da Boquería, o mercado de frutas e verduras que fica na Rambla e é muito visitado pelos turistas. Como o local estava muito cheio de visitantes e pessoas que se refugiaram logo após o atropelamento, a tese da polícia é que ele conseguiu se camuflar no meio da multidão.

Por isso, ele é um dos três terroristas que ainda estão foragidos. Outros quatro foram detidos entre quinta-feira (17) e sexta-feira (18). E cinco deles foram mortos pela polícia durante um tiroteio poucas horas depois no município de Cambrils, também na Catalunha.

Imã convenceu a realizar ataque

O imã (espécie de guia religioso) de uma mesquisa de Ripoll, de onde eram todos os terroristas ligados ao ataque, é apontado como o principal mentor do ataque.Ripoll é um município que fica a 100 quilômetros ao norte de Barcelona e a apenas 14 quilômetros da fronteira com a França.

O imã foi identificado como Abdelbaqi Es Sattii e é o centro das investigações agora. A polícia acredita que ele radicalizou jovens e arquitetou o ataque, convencendo um grupo de onze deles a executá-lo.

Abdelbaqui esteve preso na Espanha até 2012 por tráfico de drogas e, depois de solto, costumava viajar pela Europa para reunir-se com outros imãs e treinar. A comunidade muçulmana local se queixou com a polícia por não ter avisado a autoridades das mesquitas da região sobre o histórico de Abdelbaqui. A principal suspeita é que ele teria morrido em uma explosão quando o grupo tentava fabricar bombas.

Pontos "cegos" deverão ser esclarecidos

A polícia espanhola anda precisa esclarescer vários pontos cegos, começando pelo paradeiro dos foragidos. A polícia acredita que alguns tenham fugido para a França e outros, para o Marrocos. Mas não existe nenhum registro deles nesses dois países.

Ainda se desconhece também quem era um homem que apareceu morto em um carro que furou um dos bloqueios feitos pela polícia nos acessos ao centro de Barcelona logo após o atropelamento. O motorista do carro apareceu morto a facadas poucos quilômetros depois de o veículo ter fugido. A principal tese é que Abouyaaqoub sequestrou o motorista e depois o matou, mas ele ainda não foi identificado.

Também não se sabe como o grupo conseguiu se refugiar por tanto tempo em uma casa abandonada no município de Alcanar, no extremo sul da Catalunha. O local só foi descoberto por causa de uma explosão acidental quando os terroristas tentavam fabricar uma bomba.

O objetivo era um ataque com bombas

A tese de que o grupo pretendia realizar um grande ataque com bombas também foi confirmada. A polícia catalã afirma que Alcanar era o centro de operações dessa célula terrorista. Lá, eles ocuparam uma casa em um bairro afastado do centro e bem perto do mar. Esse imóvel havia sido expropriado por um banco espanhol na época da crise financeira da Europa, quando muitos espanhóis não conseguiam pagar suas hipotecas.

Eles estiveram no local por cerca de seis meses. Nas últimas semanas, começaram a fabricar um poderoso explosivo caseiro, o TATP. A polícia afirma que o produção era suficiente para encher três carros-bomba, que seriam espalhados e detonados em ruas de Barcelona. Os moradores do local se disseram totalmente surpreendidos e afirmaram que pouquíssimas vezes haviam visto o grupo.

Clima em Barcelona

Em Barcelona há uma mistura de demonstrações de carinho às vítimas com momentos de tensão. Qualquer barulho diferente ou movimento brusco provocam momentos de pânico e corre-corre no centro da cidade. Ao mesmo tempo, o trânsito já foi totalmente normalizado e, na Rambla, as pessoas voltaram a caminhar normalmente.

A rua está cheia de pedestres desde sexta-feira (18), com os cafés e comércios reativados. No resto da cidade, as pessoas também relatam querer voltar à normalidade. No sábado, a população se reunirá em um grande protesto contra o terrorismo.

Em paralelo, o governo também quer evitar o pânico. No sábado, a Espanha decidiu manter o seu alerta por atentados terroristas no nível 4, um menos do que o nível máximo, como o que tem a França. Argumentou que não há, apesar do atentado de Barcelona, um risco eminente de novos ataques.

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