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"Europa precisa abandonar discurso islamofóbico para conter atentados", diz analista

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Após os atentados de Barcelona e Cambrils, na Catalunha, que deixaram ao menos 14 mortos e mais de 130 feridos, o especialista em segurança internacional Álvaro Vasconcelos analisa que a União Europeia (UE) precisa apostar em duas frentes para prevenir o terrorismo islâmico.

Álvaro Vasconcelos, pesquisador em segurança internacional
Álvaro Vasconcelos, pesquisador em segurança internacional Captura de vídeo
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“A UE tem que abandonar a tendência de alguns partidos, como aqueles que estão no poder na Polônia e na Hungria, de relacionar o islã com o terrorismo. Pois, dessa forma, eles contribuem para que os jovens muçulmanos europeus se sintam vítimas, marginalizados, agredidos e humilhados”, opina o ex-diretor do Instituto de Estudos de Segurança da EU.

Para ele, “o discurso político islamofóbico que se banalizou na Europa tem um efeito muito negativo na juventude de religião muçulmana”.  

Vasconcelos analisa ainda que o bloco europeu tem tido um papel muito limitado em relação ao conflito na Síria. “Todas as iniciativas diplomáticas importantes partiram dos EUA ou da Rússia, quando a UE é vizinha do conflito. O Chipre é geograficamente um país do Oriente Médio, e a Turquia, que é candidata a entrar no bloco, tem fronteira com a Síria”, lembra o especialista.

Ele afirma que é fundamental acabar com a guerra na Síria e no Iraque. “Temos que encontrar uma solução pacífica e consensual com as diferentes forças políticas."

“Efeito de contaminação”

Sobre os ataques na Espanha, ele diz que se trata de “uma tendência geral que atravessa os países europeus”. “Há um efeito de contaminação, que faz com que haja muitas pessoas hiperradicalizadas dispostas a imitar os outros que cometem atos de terrorismo.”

O especialista opina que “as imagens da guerra na Síria contribuem para uma narrativa dupla: de tragédia humanitária e de que o imperialismo americano seria o principal responsável”.

“Isso não é verdade, há uma responsabilidade do regime brutal e criminoso de Bashar Al-Assad e, depois, do apoio que ele recebe do presidente russo Vladimir Putin e do Irã. Mas a narrativa que toca esses jovens é que há uma espécie de conspiração ocidental contra os muçulmanos, principalmente aqueles do Oriente Médio, e que estão destruindo o Estado Islâmico, que não se trata de um estado e muito menos de islâmico.”

Para ele, “essa é uma explicação para que haja uma mobilização de jovens solidários com uma causa nihilista".

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