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Europa/Festival

Festival reúne chefs de cozinha refugiados em toda a Europa

Começa nesta sexta-feira (16) em Paris o Refugee Food Festival, festival que reúne dezenas de chefs profissionais que imigraram para a Europa fugindo da guerra em seus países. Nesta terceira edição, o evento ganha o continente e terá versões em 13 cidades europeias até o dia 29, onde os refugiados poderão mostrar todo seu talento culinário.

O chef sudanês Tibin al Hussein e a chef Georgiana Viou no restaurante La Piscine, em Marselha
O chef sudanês Tibin al Hussein e a chef Georgiana Viou no restaurante La Piscine, em Marselha (Foto: Divulgação)
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Eles vêm da Síria, da Eritreia, do Sudão ou do Afeganistão e compartilham as histórias trágicas vividas nas travessias dos imigrantes que deixaram pra trás países devastados. Essas histórias trágicas, entretanto, às vezes têm final feliz, graças à iniciativas como a do Festival. É o caso de Tibin Al Hussein, 26 anos. O jovem, que trocou o Sudão pela Síria, chegou há dois anos em Marselha, depois de sua embarcação ser socorrida por um navio das Forças Armadas belgas na costa italiana.

Tibin cresceu na cozinha. Sua família tinha um restaurante, onde ele passava a maior parte do seu tempo livre ajudando o pai, cozinheiro. Durante o Festival, que acontece no próximo dia 17 em Marselha, Tibin preparará um cardápio especial para o restaurante “La Piscine”, um dos mais conhecidos da cidade, associando a culinária francesa a um prato tradicional do Sudão. O Marigiz, conta, "mistura miúdos de carneiro, cebolas, pimentão, patê de nozes e alho."

Hoje o jovem trabalha em uma empresa de catering chamada Table de Cana, e sua rotina está dividida entre o trabalho e a corrida – ele acaba de participar da meia-maratona entre Marselha e Cassis, em março de 2017.
A história do jovem sudanês é um exemplo típico do trabalho desenvolvido pela associação Food Sweet Food, que co-organiza o Festival ao lado do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Além de permitir a descoberta de novos sabores à população do país que os recebeu, a iniciativa também contribui para a inserção profissional e social dos imigrantes.

Neste ano, o Festival acontece nas cidades de Paris, Lyon, Bordeaux, Marselha, Lille, Atenas, Florença, Madri, Bruxelas, Amsterdã, Milão, Bari e Roma, em datas diferentes, envolvendo dezenas de restaurantes. Elas foram escolhidas para coincidir com o dia Internacional do Refugiado, comemorado no dia 20 de junho.

Integração

Desde que foi lançado, em junho de 2016, o evento tem atraído cada vez mais restaurantes. Isso porque os chefs, conta a organizadora Elsa Colonna d’Istria, são todos profissionais. “O objetivo é encontrar pessoas que já tinham experiências no setor em seus próprios países e que têm talento culinário, mas dificuldades, por razões variadas, em achar um emprego em seu novo país”, contou em entrevista à RFI Brasil.

Em geral, diz a representante do Festival, são as associações locais de ajuda aos refugiados que identificam os talentos e os indicam para participar do evento. “Em seguida nós os encontramos e falamos da experiência que eles têm na cozinha: se foi em um restaurante, ou para muitas pessoas, como em um casamento, por exemplo, ou se já gerenciaram um estabelecimento, e, principalmente, qual o objetivo profissional deles”, explica. “O que conta é ajudá-los a se integrar neste mercado.”

Um outro exemplo de sucesso é o do chef Mohammad Elkhaldy, 27 anos, que cozinhou para um jantar do estilista Kenzo, na Fashion Week, em março. O chef sírio, diplomado, fugiu da guerra em 2012 e chegou a Paris em 2015 com sua mulher e três filhos depois de um périplo que o conduziu ao Líbano e ao Egito .“Ele é requisitado para vários eventos prestigiosos”, conta. “A história deles é única. Essa é a vocação do Festival: ajudá-los a escrever sua própria história”.
 

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