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Terrorismo

Dois sem-teto viram heróis após ajudarem vítimas do ataque de Manchester

Stephen Jones dormia em uma rua vizinha ao Manchester Arena quando a explosão o acordou. Chris Parker mendigava nas redondezas. Os dois se tornaram heróis da tragédia de segunda-feira (22) ao ajudar as vítimas nos primeiros minutos depois do atentado na segunda maior cidade da Inglaterra.

Stephen Jones (foto) e Chris Parker, dois heróis sem-teto que ajudaram as vítimas do atentado de Manchester.
Stephen Jones (foto) e Chris Parker, dois heróis sem-teto que ajudaram as vítimas do atentado de Manchester. Captura de vídeo
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"Eram crianças, muitas crianças cheias de sangue que gritavam e choravam", explicou à emissora de televisão ITV Stephen Jones, um homem de rosto abatido que mora na rua há mais de um ano. "Tivemos que retirar os estilhaços da bomba dos corpos das vítimas, inclusive do rosto de uma menina", acrescentou.

Segundo Jones, o socorro que prestou às vítimas do ataque foi algo que fez sem refletir. "O fato de ser um sem-teto não significa que eu não tenha coração", afirmou. "É puro instinto ajudar", sentenciou.

Stephen Jones contou que o que viu não o deixa dormir, sobretudo os corpos sem vida de crianças no chão e as mães chocadas ao seu lado. A mais jovem das vítimas, uma das primeiras a ser identificada, tinha oito anos.

"Onde estão o papai e a mamãe?"

Chris Parker, de 33 anos, diz que costuma circular perto da casa de shows para pedir dinheiro aos pedestres. Ele contou à agência britânica Press Association que na noite do atentado o impacto da explosão o derrubou. "Primeiro fui jogado no chão e depois me levantei. Ao invés de fugir, meu instinto me fez correr para ajudar as pessoas", disse com lágrimas nos olhos.

Ao se aproximar do local da explosão, o sem-teto se deparou com muitas pessoas caídas. "Vi uma menina pequena que perdeu as pernas. Eu a enrolei em uma camiseta e perguntei: 'onde estão o papai e a mamãe?', lembrou. A menina respondeu que o pai estava no trabalho e a mãe, dentro do Arena Manchester.

Muito abalado, ele lembrou ter tentado reconfortar uma mulher vítima da explosão, que acabou falecendo. "Ela morreu nos meus braços. Tinha uns 60 anos e me disse que tinha ido ao show com a família."

"O chão estava cheio de pregos e parafusos. Algumas pessoas tinham buracos nas costas", descreveu. Parker também contou quais são as memórias mais fortes que guarda do ataque: "são gritos que não consigo esquecer e também o cheiro. É difícil descrever isso, mas sentia cheiro de carne queimada", emendou.

Arrecadações na internet

O britânico Michael Johns, comovido com a história de Parker, resolveu lançar uma arrecadação de fundos na internet para ajudar o sem-teto, mesmo sem conhecê-lo. No portal, ele explica que é necessário ajudar "uma das pessoas mais vulneráveis" da sociedade, que mostrou muito "valor e altruísmo" na noite do atentado. Através do site GoFundMe, Johns conseguiu obter até esta quarta-feira (24) mais de £ 30 mil (mais de R$ 126 mil).

Uma outra iniciativa, realizada através do site JustGiving pela britânica Diane Moore já conseguiu arrecadar £ 22 mil para Stephen Jones. A mulher explica na plataforma de doações que se emocionou com a entrevista do sem-teto. "Ele disse acreditar que também seria ajudado caso necessitasse. Então, vamos fazer isso por ele!", diz.

O atentado suicida, reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico e que deixou 22 mortos e 64 feridos, ocorreu na noite de segunda-feira (22) às 22h30 locais (18h30 de Brasília) na saída de um show da cantora americana Ariana Grande. O ataque é o segundo realizado na Inglaterra neste ano. No dia 22 de março, um homem atropelou pessoas na ponte de Westminster, em Londres, matando quatro pessoas e ferindo mais de 30.

(Com informações da AFP)

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