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Imprensa britânica vê eleições antecipadas como vitória para Theresa May

Nesta quarta-feira (19), o Parlamento britânico aprovou a realização de eleições antecipadas em 8 de junho, após a primeira-ministra Theresa May anunciar a decisão na véspera (18). O fato inesperado teve grande repercussão nos jornais britânicos.  

Theresa May declarou que vai fazer do Brexit um sucesso, após a aprovação de eleições antecipadas em 19 de abril de 2017
Theresa May declarou que vai fazer do Brexit um sucesso, após a aprovação de eleições antecipadas em 19 de abril de 2017 REUTERS/Stefan Wermuth
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A primeira-ministra Theresa May precisava do apoio de pelo menos dois terços dos 650 deputados e conseguiu superar a meta com folga: 522 aprovaram a antecipação das eleições,inicialmente previstas para 2020. Apenas 13 votaram contra a proposta.

Falta apenas sete semanas para a votação e a campanha será curta, o que pode ser um alívio para os eleitores, que retornarão às urnas após três eleições muito importantes em menos de três anos: o referendo de independência da Escócia de setembro de 2014, as eleições gerais de maio de 2015 e o referendo sobre a permanência na União Europeia, em junho de 2016. "Pedirei aos britânicos um mandato para completar o Brexit e fazer dele um sucesso", disse May no Parlamento.

A saída da União Europeia "não tem volta atrás", advertiu a primeira-ministra, que justificou o pedido para antecipar as eleições com a afirmação de que os inimigos do Brexit "tentam frustrar o processo". A oposição concentrou suas críticas na mudança de opinião de May, que até a semana passada negava a possibilidade de antecipar as eleições, alegando que poderiam trazer instabilidade; e agora, ela afirma que não participará de debates durante a campanha.

May quer aumentar maioria conservadora no parlamento

O Partido Conservador de May tem uma pequena maioria absoluta na Câmara dos Comuns (330 dos 650 deputados) e as pesquisas apontam a possibilidade deste número aumentar. Na Câmara dos Lordes, no entanto, ela está em minoria, uma situação que não deve mudar depois de 8 de junho porque os membros da Casa são vitalícios e não são eleitos.

A antecipação recebeu o apoio de Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, o principal da oposição. Mas a impopularidade de Corbyn pode resultar em uma catástrofe eleitoral histórica para os trabalhistas. Sem força, os defensores da independência da Escócia e sua demanda por um novo referendo de secessão representam a grande ameaça interna a May.

A chefe do governo regional escocês, Nicola Sturgeon, do Partido Nacional Escocês (SNP), advertiu no Parlamento britânico que sua vitória na região do norte - que distribui 59 cadeiras - é essencial. De acordo com as pesquisas, os conservadores têm 20 pontos de vantagem sobre os trabalhistas e May quer aproveitar as eleições para ampliar sua maioria. Segundo uma pesquisa publicada pelo jornal The Times, os conservadores poderiam ampliar sua vantagem a mais de 100 deputados.

Apesar do Parlamento ter apoiado a primeira-ministra em março, no início do processo de divórcio com a União Europeia, May afirmou temer que os parlamentares pró-europeus fragilizem a posição de Londres nas negociações com Bruxelas, que começarão em junho.

Jornais britânicos veem novas eleições como vitória para May

Passada a surpresa, o Telegraph chamou as legislativas antecipadas de "tempestade em um céu azul". Com a manchete "Esmagar os sabotadores", o tablóide Daily Mail celebrou a ideia de uma larga vitória para May, que calará seus opositores sobre o Brexit. The Sun completa que ela vai "matar o partido trabalhista".

O Times estima que 2017 deve ser "um ano existencial" para o Labour, no qual os trabalhistas ou se recuperam ou acabam. The Guardian, de centro-esquerda e pró-europeu, prevê uma vitória esmagadora para os conservadores, mas lamenta a ideia de que a primeira-ministra não terá mais que dar satisfações aos eleitores que votaram para permanecer na União Europeia.

Mais prudente, o Evening Standard analisa que estas eleições antecipadas podem ser, apesar de tudo, uma aposta arriscada na Escócia, onde o Partido nacional escocês pró-europeu poderia manter, ou mesmo aumentar, o seu avanço. Um contexto que reforçaria os argumentos para um novo referendo da independência reclamado pelo partido.

(Informações da correspondente da RFI em Londres, Muriel Delcroix, e da AFP)

 

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