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Escócia solicita formalmente novo referendo de independência

A chefe do governo regional escocês, Nicola Sturgeon, enviou nesta sexta-feira (31) uma carta a Theresa May solicitando a abertura de negociações para um novo referendo de independência. A primeira-ministra britânica se opõe à medida.

Homem veste jaqueta a favor da independência da Escócia
Homem veste jaqueta a favor da independência da Escócia Divulgação
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Tanto May quanto o secretário de Estado para a Escócia, David Mundell, insistiram que não haverá referendo até que o Reino Unido acabe de negociar o Brexit, a saída da União Europeia, em ao menos dois anos.

Em sua carta, Sturgeon, líder do Partido Nacional Escocês (SNP), se amparou na aprovação do Parlamento regional para formular sua solicitação.

"Não há motivo racional pelo qual a senhora deva se interpor à vontade do Parlamento escocês, e espero que não o faça", escreveu. "De qualquer maneira, em antecipação a sua negativa em abrir discussões, é importante que eu deixe clara minha posição."

"É minha firme opinião que é preciso respeitar e dar curso ao mandato do Parlamento escocês. A questão não é se haverá referendo e, sim, quando", sentenciou. "De qualquer forma, darei os passos que assegurem que avançaremos para a realização da consulta."

O Parlamento da Escócia solicitou na terça-feira (28) a Londres a convocação de um novo referendo de independência em menos de dois anos, um dia antes de o governo britânico iniciar a ruptura com a UE.

Agora, o Parlamento britânico e o governo de Theresa May terão que responder à demanda escocesa, que foi aprovada por 69 votos contra 59 e que gera grande rejeição em Londres.

Sem um artigo na Constituição que o proíba, May não tem praticamente outra opção que tentar adiar o referendo o máximo possível, para que não coincida com os dois anos de negociações com Bruxelas sobre os termos do Brexit.

Tentativa de aproximar posições

May viajou à Escócia na segunda-feira (27) para uma reunião com Sturgeon, em uma última tentativa de aproximar as posições, mas nenhuma das duas mudou de opinião. "Minha posição é muito simples e não mudou", afirmou May em uma entrevista à agência britânica Press Association. "Agora não é o momento de falar de um segundo referendo de independência."

Antes, em um discurso, descreveu a união de Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales como "uma força imparável". Sturgeon deseja o referendo no fim de 2018 ou início de 2019.

Após a aprovação dessa demanda, o Parlamento britânico, onde os conservadores de May têm maioria absoluta, deverá se pronunciar a respeito. Tanto a Câmara dos Comuns quanto a dos Lordes precisam autorizar, o que tecnicamente consistiria em aprovar a transferência a Edimburgo do poder de organizar o plebiscito.

May poderia aceitar a votação, mas se negar a assinar a transferência até depois do Brexit. Além da data, ela e Sturgeon teriam que negociar a pergunta a ser feita no plebiscito.

Referendo de 2014

No referendo de 2014, a permanência no Reino Unido venceu por 55% a 45%. A votação aconteceu com o compromisso de definir o tema por pelo menos uma geração.

Mas os defensores da independência da Escócia alegam que, em seu programa eleitoral, constava que, no caso de "uma mudança material das circunstâncias", eles solicitariam um novo plebiscito.

A mudança aconteceu com o Brexit. Os escoceses votaram majoritariamente a favor da permanência na UE, mas seu voto se viu diluído em nível nacional.

Sturgeon acusa May de não ter levado a Escócia em consideração nos preparativos para as negociações com Bruxelas, ao descartar, por exemplo, a permanência no mercado único europeu.

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