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Linha Direta

Cerimônias marcam um ano dos ataques terroristas em Bruxelas

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Há exatamente um ano, várias explosões no aeroporto de Bruxelas-Zaventem e na estação de metrô Maalbeek fizeram 32 mortos e mais de 320 feridos, deixando um país perplexo e em luto. Nesta quarta-feira (22), diversas cerimônias homenageiam as vítimas dos ataques terroristas, a pior tragédia da história da Bélgica. Sobreviventes e familiares das vítimas aindam lutam para combater a dor e o relativo abandono do governo belga.

Homenagem às vítimas do atentado em Bruxelas
Homenagem às vítimas do atentado em Bruxelas REUTERS/Francois Lenoir
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Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas

Um ano após a pior tragédia da história do país, a Bélgica presta homenagem às vítimas do duplo ataque terrorista de Bruxelas. No aeroporto, onde as primeiras bombas explodiram, o minuto de silêncio foi observado logo cedo, com a presença dos reis da Bélgica, Philippe e Mathilde. A seguir, perto das instituições europeias, na estação de metrô Maalbeek, onde ocorreram as outras explosões, a cerimônia foi diferente. Quebrando a tradição, os funcionários do metrô organizaram um “minuto de barulho” para mostrar que “não se esqueceram mas que vão se manter firmes contra o terror e o ódio”.

Esta ação simbólica da companhia de transporte público de Bruxelas, a STIB, foi também adotada pelos motoristas e fiscais dos ônibus e bondes. Os passageiros participaram com aplausos. Durante todo o dia, outras cerimônias lembrarão as vítimas de Bruxelas. Milhares de pessoas devem se reunir em uma passeata pela paz nas ruas da capital belga.

Soldados e patrulha

A Bélgica continua em estado de alerta, com soldados patrulhando as ruas. A ameaça terrorista se mantém no nível três, o que significa “possível e verossímil”. A população da até então pacata Bruxelas está aprendendo a conviver com o medo e uma relativa insegurança. A ameaça terrorista é real para a grande maioria dos moradores da capital belga. O barulho das sirenes nas ruas tem aumentado. Toda semana a polícia realiza operações antiterroristas.

Nos últimos três anos, seis atentados foram frustados em território belga. Mas o polêmico ministro do Interior, Jan Jambon, garante que “agora o país é mais seguro do que há um ano”. Após o duplo ataque no ano passado, Jambon prometeu “limpar” Molenbeek, o bairro considerado viveiro de jihadistas e de onde saíram vários terroristas dos atentados de Paris e Bruxelas.

Um ano depois, Molenbeek luta para modificar sua imagem. As autoridades belgas implementaram um plano de desradicalização no bairro. Fecharam mesquitas clandestinas, associações e cafés ligados ao islamismo radical. Porém, as autoridades se preocupam com o retorno dos jihadistas belgas da Síria e Iraque, além da radicalização de jovens que nunca se alistaram às fileiras do Estado Islâmico.

Sobrevivente ainda está hospitalizada

Em um recente relato ao jornal De Standaart, a belgo-americana Karin Northshield disse que se sente abandonada pelo governo belga e pela seguradora do aeroporto de Zaventem. Ela relatou suas terríveis lembranças de quando a bomba explodiu do seu lado. “Depois das explosões, tudo ficou preto. Tinha um forte cheiro de queimado no ar. Muitas pessoas caídas no chão e corpos pegando fogo”.

Essas imagens são ainda fortes na memória de Karin, a única sobrevivente ainda hospitalizada. Aos 31 anos, a ex-professora de ioga e personal trainer, sente muitas dores, não pode andar, nem sentar e precisa de ajuda diariamente. Seu grande sonho é voltar a caminhar. Os médicos disseram à sua família que ela não iria sobreviver, que suas condições eram as mesmas de uma vítima de guerra do Iraque ou Afeganistão. Karin foi submetida à 20 cirurgias e sobreviveu.

Governos diferentes complicam situação das vítimas

A Bélgica é um país complicado pelo fato de ter vários governos diferentes. O próprio Ministério para Assuntos Sociais admitiu que não é nada fácil para as vítimas dos atentados encontrarem o caminho certo por causa da complexidade do sistema do Estado belga. As listas das vítimas e os fundos de emergência para cobrir as despesas médicas são diferentes nas três regiões do país: a capital Bruxelas, Valônia e Flândria.

A ajuda psicológica às vítimas sobreviventes dos ataques também não está centralizada. Entretanto, o governo federal garante que, assim que o estatuto nacional de solidariedade às vítimas dos ataques terroristas se tornar lei, as pessoas atingidas nos atentados receberão uma carteira de identidade especial que proporcionará, por exemplo, pensão vitalícia.

Memorial é inaugurado

Um memorial dedicado às vítimas dos ataques terroristas em Bruxelas foi inaugurado na tranquila Fôret des Soignes, o pulmão verde da cidade. O arquiteto paisagista Bas Smets, que assina o projeto, disse que ficou muito emocionado quando soube dos atentados. “Eu estava dentro do trem Thalys Paris-Amsterdã que foi atacado em 2015 e passei pelo aeroporto de Bruxelas um dia antes das explosões”, testemunhou.

Para o memorial, Bas Smets plantou 32 árvores de bétulas em forma circular, representado as 32 pessoas que morreram no aeroporto e na estação de metrô Maalbeek. Segundo o paisagista, a bétula simboliza a vida e a regeneração. A idéia é ver o contraste entre os troncos brancos das bétulas e os carvalhos da floresta. Um banco circular de pedra, no interior do espaço onde as árvores foram plantadas, complementa o memorial. “A intenção que é esse memorial permaneça no tempo. Até mesmo daqui a 200 anos”, explica Smets.
 

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