O governo húngaro considera que a primeira barreira não é eficaz para evitar a passagem de migrantes que chegam ao país vindos da Sérvia. Recentemente, o eurodeputado György Schöpflin defendeu que "o reforço na segurança" também pode contribuir para "enfraquecer o modelo de negócio dos traficantes de pessoas".
Ao anunciar a previsão para a finalização da segunda cerca, Orban também criticou o acordo entre a União Europeia e a Turquia para conter a imigração nos países do bloco. Recentemente, a tensão aumentou entre a Turquia, a Holanda e a Alemanha, e Ancara ameaçou as lideranças europeias de desonrar o compromisso. "Não é muito inteligente ter deixado nossa segurança nas mãos dos turcos (...) e criar conflito com eles, acusando-os de não serem democratas", disse Orban.
Políticas duras contra migrantes
O governo radical do primeiro-ministro é um dos mais duros contra os migrantes. Em agosto de 2015, o país construiu a primeira cerca de arame farpado, atraindo críticas de dirigentes da União Europeia e ONGs de defesa de direitos humanos de todo o mundo. Budapeste também foi criticada pelo tratamento desumano dado aos migrantes, confinados em acampamentos formados ao longo de suas fronteiras em condições insalubres e muitas vezes alvo de violências policiais.
Há dez dias, o Parlamento adotou a reintrodução na legislação do país da detenção sistemática das pessoas que entrarem ilegalmente em território húngaro. A Hungria que já tinha aprovado esta medida em 2013, no início da crise migratória na Europa. Mas o país acabou por desistir da aplicação da lei por pressão da União Europeia, do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados e do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
A nova lei prevê que os migrantes sejam colocados em "zonas de trânsito" nas fronteiras com a Sérvia e a Croácia, onde deverão fazer um pedido de asilo e aguardar a decisão final das autoridades húngaras. A medida diz respeito tanto aos migrantes que chegaram ao país após a aprovação da lei, quanto àqueles que já se encontram na Hungria.