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Linha Direta

Conservadores devem vencer extrema-direita nas eleições na Holanda

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Cerca de 13 milhões de holandeses vão às urnas nesta quarta-feira (15) para escolher 150 novos parlamentares. São mais de mil candidatos de 28 partidos. A grande expectativa é a respeito do desempenho do populista Geert Wilders, do Partido Para a Liberdade. Ele ficou durante meses à frente das pesquisas de opinião, mas agora as intenções de voto mostram uma vantagem para o atual primeiro-ministro, o conservador Mark Rutte, depoisdo impasse diplomático com a Turquia.

Le leader du Parti pour la liberté (PVV), le Hollandais Geert Wilders, le 14 mars 2017 à La Hague.
Le leader du Parti pour la liberté (PVV), le Hollandais Geert Wilders, le 14 mars 2017 à La Hague. REUTERS/Robin Van Lonkhuijsen/Pool
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Patrícia Moribe, enviada especial à Holanda

As eleições na Holanda em geral passam despercebidas, mas agora a atenção mundial se concentra nesse pequeno país de 17 milhões de pessoas. Este pleito pode ser a primeira peça de um perigoso dominó de extrema-direita na Europa, na sequência de dois eventos que surpreenderam: a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e a vitória do Brexit. Os resultados serão anunciados dia 21, já que os votos são manuais. A formação do gabinete, apos negociações para chegar a uma coalizão, pode levar semanas até meses.

A princípio, Geert Wilders não tem muitas chances de chegar ao principal posto executivo do país, isso porque, tradicionalmente, os governos na Holanda são sempre compostos por coalizões. As pesquisas dão pouco mais de 20 cadeiras ao partido de Wilders e ele teria que conseguir o apoio de mais de 50 eleitos para chegar à maioria de 76 cadeiras, mas siglas já avisaram que não vão se unir ao representante da extrema-direita. Mas, como sabemos que eleições são uma caixinha de surpresas e que os holandeses são muito discretos em relação ao voto, o candidato pode ter um desempenho melhor do que o esperado. Seu sucesso pode impulsionar outros populistas, começando por Marine Le Pen, na França, já no mês que vem.

Programa sintético

O programa de Wilders tem apenas uma folha, é muito sintético, e basicamente prega o seguinte: fechamento das portas da Holanda aos muçulmanos e das mesquitas no país, proibição do Corão, o livro sagrado islâmico e abandono da União Europeia. Com a crise econômica global e a crise dos refugiados na Europa, políticos resolveram adotar a bandeira anti-imigração para atrair uma parcela da população que se sentia ameaçada com a perda de poder aquisitivo e bem-estar social, a chamada política do medo.

Wilders foi eleito pela primeira vez há quase 20 anos, pelo partido da situação, o conservador VVD, mas desligou-se da sigla e em seguida criou a sua própria, o PVV, que tem apenas um integrante: ele mesmo. Sua retórica é agressiva, ele não se intimida, por exemplo, ao chamar os marroquinos de escória. Ele segue a trilha de um outro populista de extrema-direita, Pim Fortuyn, que também têm um discurso muito xenófobo contra os estrangeiros. Fortuyn liderava as pesquisas de opinião quando foi assassinado, em 2002, nove dias antes das eleições, baleado por um extremista de esquerda.

Em 2004 foi a vez do cineasta Theo Van Gogh, com um parentesco distante com o pintor Van Gogh. Depois de ter dirigido um curta falando sobre a opressão da mulher muçulmana, ele foi esfaqueado até a morte, em plena Amsterda, por um muçulmano. Desde então Wilders vive sob proteção 24 horas por dia, é cercado por seguranças a todo momento, vive em casas hermeticamente vigiadas e so anda em carros blindados.

Crise na Turquia

A crise na Turquia é uma grande coincidência de calendários eleitorais. O autoritário presidente turco Recep Tayip Erdogan marcou para o próximo dia 16 de abril um referendo que aumenta seus poderes. Para garantir seus objetivos, ele não podia ignorar o eleitor no exterior. Mas Holanda, Áustria, Alemanha, Dinamarca e Suíça proibiram os turcos de fazer comícios no território. Só na Alemanha, a comunidade turca é formada por 1 milhão e 400 mil pessoas. Cerca de 5% da população holandesa é muçulmana, sendo que aproximadamente a metade, uns 400 mil, são turcos e votam.

No último final de semana, o governo holandês expulsou dois ministros ligados a Erdogan, que iam fazer comícios, gerando manifestacoes tumultuadas em Roterdã e em Amsterdam. Ancara cortou relações com a Holanda e Erdogan disse que essa decisão representava o retorno do nazismo. Quem pegou carona nessa crise foi Geert Wilders. Ele disse que os turcos não são e nunca serão europeus. E declarou que os turcos que moram na Holanda e apoiam o governo de Erdogan devem voltar pra Turquia. O primeiro-ministro Rutte ganhou pontos ao manter uma postura rígida contra Ankara.

 

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