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Linha Direta

Líderes discutem UE mais flexível para erradicar populismo

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Os líderes europeus se reúnem hoje e amanhã para mais um encontro de cúpula em Bruxelas. Na agenda desta quinta-feira (8) está prevista a reeleição de Donald Tusk como líder do Conselho Europeu, mas a Polônia, país de origem do dirigente, deve ser o único a votar contra por razões políticas. O sistema de cotas de refugiados e a escalada de tensão nos Bálcãs também estarão em pauta.

O polônes Donald Tusk deve ser reeleito para mais um mandato de 30 meses como presidente do Conselho Europeu.
O polônes Donald Tusk deve ser reeleito para mais um mandato de 30 meses como presidente do Conselho Europeu. REUTERS/Yves Herman
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Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas

Tradicionalmente, os líderes europeus se reúnem no início de cada primavera para discutir como criar mais empregos, crescimento econômico e competitividade. Mas desta vez, além dessa agenda, os dirigentes do bloco devem reeleger o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, para mais um período de dois anos e meio.

A duas semanas de completar 60 anos, a União Europeia (UE) também se prepara para enfrentar o desafio de seu futuro pós-Brexit, a ascensão do populismo, além de aprender a lidar com o instável presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em Bruxelas, os líderes da Alemanha, França, Itália e Espanha – as quatro principais economias da zona do euro – irão pedir apoio a seus colegas ao projeto de uma União Europeia que atue em várias velocidades. A questão foi discutida pelos quatro governos no início desta semana em Versalhes. Para a chanceler alemã, Angela Merkel, “os europeus devem ter a coragem de aceitar que alguns países avancem mais rapidamente do que os outros, caso contrário, ficaremos paralisados”.

Uma Europa a várias velocidades

A ideia de se criar uma “Europa multivelocidade” preocupa especialmente os países do Leste Europeu, que receiam que o chamado núcleo duro da UE – as principais economias do bloco - possa usar o Brexit para cortar parte dos subsídios que recebem de Bruxelas.

Para os defensores, uma Europa a várias velocidades poderia superar os bloqueios institucionais tornando o processo de decisão comunitário bem mais flexível. Este sistema daria liberdade aos Estados membros para escolher as políticas a serem conduzidas no plano nacional ou comunitário. Por outro lado, as diferenças econômicas e políticas – em relação à integração – poderiam se aprofundar. Os opositores afirmam que uma Europa a várias velocidades, com os interesses nacionais sempre em primeiro lugar, colocaria o projeto europeu em risco.

Sistema de cotas para refugiados ainda divide líderes

A acolhida de milhares de pessoas que fogem de zonas de guerra continua causando polêmica dentro do bloco. Ontem, a Áustria advertiu que os países que mais contribuem para o orçamento da União Europeia podem suspender seus pagamentos até que os governos do Leste Europeu – Hungria, Polônia, República Checa e Eslováquia – aceitem o sistema de cotas de refugiados, planejado por Bruxelas. De acordo com esse sistema, criado em setembro de 2015, a União Europeia se comprometeria a transferir aos países do bloco 160 mil solicitantes de asilo procedentes da Itália e Grécia, em dois anos. A seis meses do prazo final, apenas 13,5 mil pessoas foram contempladas.

A Polônia, por exemplo, ainda não aceitou nenhum dos 6.182 refugiados por quem deveria ser responsável. No entanto, os poloneses recebem a maior fatia do orçamento comunitário, a soma de € 9,5 bilhões por ano. A Comissão Europeia afirmou que não hesitará em impor sanções contra os países que se recusam a receber refugiados.

Nesta semana, o Parlamento da Hungria aprovou uma lei que determina a prisão de todas as pessoas que buscam asilo no país, incluindo crianças. Essas pessoas ficariam detidas em contêineres de ferro na fronteira. A região está cercada por arame farpado para deter os refugiados que estão tentando entrar na Hungria. Segundo o Conselho da Europa, esta nova lei húngara viola a Convenção Europeia dos Direitos Humanos.

UE quer reforçar segurança nos Bálcãs

Os líderes europeus vão discutir a escalada de tensão nos Balcãs e reiterar a promessa de adesão para Montenegro, Sérvia, Macedônia, Albânia, Bósnia-Herzegovina e o Kosovo. Segundo a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, apesar de grandes preocupações há otimismo de que no futuro todos possam fazer parte do bloco europeu.

A estabilidade dos Bálcãs continua sendo um grande desafio para a União Europeia e OTAN. Especialistas advertem para as tentativas da Rússia em desestabilizar a região.

“A Rússia vê o Ocidente se intrometendo em questões no seu quintal, e o presidente russo Vladimir Putin quer mostrar que pode reagir à altura. Putin considera os Bálcãs um ponto fraco dos ocidentais e usa a região para mostrar que tem tamanho e poder”, declarou recentemente ao jornal "The New York Times" Dimitar Bechev, diretor do Instituto Europeu de Políticas em Sofia, na Bulgária.

Outra preocupação de Bruxelas é o grande número de kosovares, albaneses e bósnios que tem ido para o Iraque e a Síria para se alistar nas fileiras do grupo Estado Islâmico.

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