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Tensão

Após cancelar comícios do governo turco, Alemanha é alvo de ameaça de bomba

A Turquia acusou a Alemanha nesta sexta-feira (3) de trabalhar pela vitória do "não" no referendo que o regime turco realizará em abril sobre o aumento dos poderes de Recep Tayyip Erdogan. Autoridades alemãs cancelaram dois comícios de apoio ao presidente turco previstos para serem realizados no país, onde vivem mais de 3 milhões de imigrantes da Turquia. Após os cancelamentos, a prefeitura da cidade de Gaggenau, no sudoeste da Alemanha, foi esvaziada às pressas devido a um alerta de bomba.

Polícia alemã isolou prefeitura de Gaggenau, no sudoeste da Alemanha, alvo de ameaça de bomba nesta sexta-feira (3).
Polícia alemã isolou prefeitura de Gaggenau, no sudoeste da Alemanha, alvo de ameaça de bomba nesta sexta-feira (3). Uli Deck / dpa / AFP
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Na quinta-feira (2), foram anulados dois comícios na Alemanha, um em Gaggenau, onde estava prevista a presença do ministro da Justiça turco, Bekir Bozdag, e outro em Colônia, no oeste do país, que contaria com a participação do ministro turco da Economia, Nihat Zeybekçi.

O governo turco organiza uma campanha para promover o voto pelo "sim" no referendo que será realizado em 16 de abril sobre uma reforma constitucional que amplia consideravelmente o poder de Recep Tayyip Erdogan. O presidente afirma que pretende garantir a estabilidade do país, mas a oposição denuncia uma guinada autoritária na Turquia.

Alemanha "deve aprender a se comportar"

Os cancelamentos foram alvos de duras críticas por parte do ministro turco das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu. "Não querem que os turcos façam campanha aqui, eles trabalham pelo não", afirmou. Para Cavusoglu, o governo alemão quer "impedir a emergência de uma Turquia forte". "Se querem preservar as relações, a Alemanha deve aprender a se comportar", completou.

O governo alemão rebateu as acusações turcas, alegando que não interferiu nos cancelamentos, que foram decididos pelas autoridades municipais das duas cidades. "É uma decisão sobre a qual o governo federal não tem nenhuma influência", afirmou Martin Schäfer, porta-voz do ministério das Relações Exteriores.

Na manhã desta sexta-feira, a prefeitura de Gaggenau, onde discursaria o ministro da Justiça turco, Bekir Bozdag, teve de ser esvaziada às pressas devido a um alerta de bomba. Segundo um funcionário, um interlocutor telefonou para o local ameaçando uma explosão devido à anulação do comício de Bekir Bozdag.

Todas as pessoas foram retiradas da prefeitura e o edifício foi inspecionado pela polícia. As autoridades locais alegam que o comício foi cancelado por razões logísticas. Já a prefeitura de Colônia informou apenas que não autorizou a realização do evento.

Tensão se acirra entre Ancara e Berlim

A anulação dos comícios aumentou ainda mais a tensão entre Ancara e Berlim, dois pilares da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O relacionamento entre os dois países piorou após a repressão instaurada na Turquia em reação à tentativa de golpe de Estado em julho do ano passado em Ancara, frequentemente criticada por Berlim.

A detenção na terça-feira (28) do correspondente turco-alemão do jornal alemão Die Welt na Turquia, Deniz Yücel, já havia balançado a relação entre os dois países nesta semana. A medida foi criticada pela própria chanceler alemã, Angela Merkel.

A tensão entre Ancara e Berlim se acirrou ainda mais na quinta-feira, quando Bozdag classificou os cancelamentos dos eventos de "medida fascista" e se recusou a participar em uma reunião com o ministro alemão da Justiça. As autoridades turcas também convocaram o embaixador alemão em Ancara para dar explicações sobre as decisões das cidades de Gaggenau e Colônia.

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