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Linha Direta

O xenófobo e anti-islâmico Geert Wilders pode ser o próximo premiê da Holanda

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Famosa por respeitar as diferenças e pregar a tolerância, a Holanda poderá eleger, em breve, o seu primeiro governo de extrema-direita. O líder do PVV, Partido pela Liberdade, Geert Wilders, defende a proibição do Corão e o fechamento de todas as mesquitas do país. Ele promete ainda fechar as fronteiras do país aos imigrantes. Os holandeses vão às urnas no dia 15 de março.

Fundador do partido de extrema-direita, Geert Wilders é um dos políticos mais polêmicos da Europa.
Fundador do partido de extrema-direita, Geert Wilders é um dos políticos mais polêmicos da Europa. © DR
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Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas

Se as previsões de intenção de voto dos últimos meses se confirmarem, o Partido pela Liberdade (PVV) e seu polêmico líder, Geert Wilders, deve ganhar 30 das 150 cadeiras no Parlamento holandês derrotando assim a atual coligação no poder.

A escolha do primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, de centro-direita, e dos trabalhistas holandeses em impor uma política de austeridade, com cortes nos direitos sociais e serviços públicos, tem sido apontada como um dos principais motivos pelo crescimento do populismo no país. Especialistas consideram que caso a extrema-direita vença a eleição, será por causa do “erro de uma esquerda que tentou ser de centro e acabou na direita”.

Em questões de imigração e terrorismo, nenhum partido conseguiu apresentar uma alternativa consistente à agenda xenófoba de Wilders. “A nova Holanda poderá se tornar um país que prefere conflito e confrontação do que consenso e tolerância”, escreveu o jornal holandês NRC Handlesblad.

Quem é Geert Wilders?

Geert Wilders é um dos políticos mais polêmicos da Europa. Há pouco mais de 10 anos, ele fundou o partido de extrema-direita PVV, cujo objetivo é evitar a “islamização da Holanda”. No mês passado, Wilders foi acusado por incitação ao ódio e discriminação racial.

A acusação remonta a um discurso de 2014 quando o político perguntou aos eleitores se eles gostariam que o país tivesse “menos ou mais marroquinos”. Ao responderem “menos”, Wilders afirmou que isso iria ser providenciado.

O líder da extrema-direita holandesa se mudou para Israel quando terminou seus estudos. Nessa época, viajou pelo Oriente Médio e começou a formar sua posição anti-islâmica. Além de críticas constantes ao Islamismo, Geert Wilders defende a proibição do Corão e o fechamento de todas as mesquitas na Holanda.

A menos de um mês das eleições, Wilders elevou o tom de sua retórica. Comparou as mesquitas a templos nazistas e afirmou que se a autobiografia de Hitler “Minha Luta” foi banida, o mesmo deveria acontecer com o Corão.

Um dos onze pontos de seu programa político é fechar as fronteiras da Holanda para imigrantes.

Referendo para o “Nexit”

Geert Wilder comemorou a saída do Reino Unido da União Europeia afirmando que a vitória do Brexit foi “uma revolta patriótica em busca da liberdade”. Ele agora tenta convencer a Holanda a deixar o bloco. Uma das promessas de sua campanha é realizar um referendo sobre o Nexit – em referência a Nederlands, nome da Holanda em inglês.

Segundo o deputado eurocético e populista, “os holandeses vão se beneficiar não apenas economicamente mas também em combater a islamização da Europa, a imigração e a crescente ameaça do terrorismo. Não há mais futuro para a UE”, concluiu.

Na Holanda, 54% da população apoia a realização do referendo e 48% votariam a favor da saída do país do bloco europeu, de acordo com pesquisas. Wilders também quer que seu país, quinta economia da zona do euro, abandone a moeda única europeia e volte à sua antiga moeda, o florim.

Voto com papel e caneta

Os votos das eleições holandesas serão contados à mão para prevenir um possível ciberataque russo. Para não correr esse risco, a Holanda decidiu recorrer “aos antigos papel e caneta”.

Segundo o ministério do Interior holandês, os sistemas utilizados em eleições são vulneráveis a ataques informáticos. Outros países europeus, como a França que vai às urnas em abril, também receiam que episódios de ciberataques russos, como os que aconteceram durante as presidenciais americanas, se repitam.

No ano passado, os Estados Unidos acusaram o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de supervisionar pessoalmente os ataques de hackers contra e-mails do Partido Democrata.

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