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Instalação de artista sírio em Dresden provoca ira da direita alemã

Uma instalação do artista sírio-alemão Manaf Halbouni, composta de três ônibus destruídos em posição vertical, para lembrar o sofrimento dos habitantes da cidade síria de Aleppo, foi inaugurada na terça-feira (7) na cidade alemã de Dresden. A obra foi vaiada por simpatizantes da direita anti-islâmica.

Instalação do artista sírio-alemão Manaf Halbouni em Dresden
Instalação do artista sírio-alemão Manaf Halbouni em Dresden Reuters
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“Fora!”, gritaram os manifestantes para Dirk Hilbert, prefeito desse município da ex-Alemanha Oriental, berço do movimento islamofóbico Pegida. O político, defensor da obra, vem recebendo ameaças e conta com proteção policial.

Além das vaias, os radicais gritaram "Volksverräter" (traidores da pátria, em alemão), uma palavra que permaneceu tabu durante um longo período na Alemanha, pois está relacionada à retórica nazista.

Em seu discurso inaugural, o prefeito da cidade de cerca de 500 mil habitantes, qualificou a instalação de Halbouni como "um grande enriquecimento".

A imponente obra, chamada "Monumento", ficará exposta até o início de abril em frente à Frauenkirche, uma igreja barroca quase inteiramente destruída pelos bombardeios dos aliados no fim da Segunda Guerra Mundial e reconstruída depois da queda do Muro de Berlim.

Na segunda-feira (6), os simpatizantes do Pegida já haviam se posicionado diante da instalação durante a sua montagem. Segundo um jornal local, um homem gritou “arte degenerada”, uma referência ao Terceiro Reich de Adolf Hitler, que havia proibido a arte moderna.

Além disso, políticos do partido de direita anti-islâmico Alternativa pela Alemanha (AfD) atacaram o artista, “um migrante desenraizado” que participa com suas obras de “uma reorientação da Europa sob domínio árabe-muçulmano”. A instalação será vigiada 24 horas.

Foto como inspiração

O artista se inspirou em uma foto tirada em Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, que foi totalmente reconquistada pelo exército de Bashar al-Assad em dezembro passado, por meio de violentos combates.

A imagem, que deu a volta ao mundo, mostra três ônibus colocados em posição vertical pelos habitantes para se proteger de disparos de franco-atiradores.

"A foto me comoveu muito", afirmou o artista nascido em Damasco em 1984, filho de mãe alemã e de pai sírio. “A instalação não é diretamente uma cópia dessa barricada, mas um memorial que recorda a guerra e as expulsões e que quer promover a paz", acrescentou.

Halbouni e o prefeito foram vítimas também de injúrias nas redes sociais. “Espero que um dos ônibus caia sobre esse gordo porco de gravata azul”, dizia um comentário em referência ao político.

O artista, que estudou artes plásticas em Dresden, explicou que seu projeto "deveria lembrar a que ponto lutamos para reconstruir as cidades destruídas durante a Segunda Guerra Mundial".

 

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