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Linha Direta

Reino Unido nomeia diplomata experiente para negociar Brexit

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O governo do Reino Unido apontou um novo embaixador junto à União Europeia nesta quarta-feira (4), um dia depois de o principal diplomata do país em Bruxelas pedir demissão do cargo. Trata-se do diplomata Tim Barrow, que já foi embaixador em Moscou e é conhecido pela sua experiência diplomática.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, nomeou o diplomata Tim Barrow como novo embaixador na União Europeia (UE), nesta quarta-feira (4).
A primeira-ministra britânica, Theresa May, nomeou o diplomata Tim Barrow como novo embaixador na União Europeia (UE), nesta quarta-feira (4). REUTERS/Natalia Kolesnikova/Pool/File Photo
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Maria Luisa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres

Este é um dos postos mais importantes para os britânicos nas negociações do Brexit. A troca expôs uma crise de interesses entre a comunidade diplomática e o gabinete da primeira-ministra, Theresa May, semanas antes do início do processo de saída do país do bloco europeu.

De acordo com os planos da primeira-ministra, o Reino Unido deve formalizar sua saída da União Europeia antes do fim de março.  A princípio, a renúncia de Ivan Rogers não afeta diretamente o prazo de 31 de março, que o governo britânico tinha estipulado para invocar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa – o primeiro passo para o país formalizar a saída da União Europeia.

Mas a saída de Rogers está sendo vista por muitos analistas e pela comunidade diplomática britânica como uma enorme perda em um momento crucial para o país. O embaixador havia sido nomeado pelo ex-primeiro-ministro David Cameron e era visto como um dos representantes britânicos mais experientes em Bruxelas e o melhor posicionado para negociar os termos do Brexit com os europeus.

Apesar de ter se mantido neutro durante e depois do referendo de junho, Rogers fez comentários internos sobre as dificuldades que os britânicos terão para conseguir a melhor saída possível do bloco. Ele chegou a dizer, inclusive, que um acordo comercial entre as duas partes poderia levar até dez anos para ser concluído. Esse comentário foi vazado e irritou os membros do governo que são pró-Brexit e que acusaram Rogers de imparcialidade e de não estar apto a defender os interesses dos britânicos.

Sob pressão, o embaixador acabou renunciando. Em um e-mail de despedida enviado a seus colegas do Ministério das Relações Exteriores, que também foi vazado para a imprensa, Rogers manifestou seu desejo de que os diplomatas “não tenham medo de dizer algumas verdades para quem está no poder”.

Tim Barrow, um diplomata experiente

Barrow é um dos mais experientes diplomatas britânicos e, até 2015, serviu como embaixador em Moscou. Ele é frequentemente solicitado para aconselhar os ministros do Exterior e já participou da missão britânica na União Europeia. O gabinete de Theresa May justificou a escolha dizendo que Barrow é um negociador duro. Mas fontes de dentro do governo afirmam que ele é visto como menos pró-Europeu do que outros diplomatas e por isso acabou sendo nomeado.

A escolha está sendo analisado como uma tentativa de Theresa May de apaziguar os ministros que apoiam o Brexit. Mas dentro da comunidade diplomática britânica, a troca de embaixadores foi bastante criticada, com argumentos de que o governo está tentando politizar o cargo e influenciar diretamente nas negociações dentro da União Europeia.

E a situação dos estrangeiros?

Outro assunto que está rendendo muita controvérsia é a situação dos cidadãos europeus que vivem no Reino Unido e dos britânicos que moram nos outros países da União Europeia. Logo após o referendo, o Ministério do Interior, que lida com questões de imigração, afirmou que o status dos cerca de 3 milhões cidadãos europeus que já estavam estabelecidos no Reino Unido até então não mudou, por enquanto. Mas o número de pedidos de residência permanente por parte de europeus triplicou logo depois do referendo.

O principal grupo representante desses cidadãos, o The 3 Million, tem feito campanhas junto ao governo e à opinião pública para que o processo de solicitação de residência permanente seja simplificado no caso dos europeus. Já vieram a público casos de pessoas que estão há mais de 30 anos no país e tiveram seu pedido negado por causa de questões burocráticas.

O governo reiterou várias vezes que a situação dos europeus no Reino Unido e dos britânicos estabelecidos nos outros países será uma prioridade nas negociações para o Brexit. Mas esses cidadãos, através desses grupos de pressão, têm insistido que não são moeda de barganha e que precisam ver seus direitos garantidos o quanto antes.
 

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