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Turquia ameaça inundar Europa de imigrantes após voto de eurodeputados

Nesta quinta-feira (24), o Parlamento Europeu votou pelo congelamento temporário das negociações de adesão da Turquia ao bloco, devido à política repressiva que se instaurou no país desde a tentativa de golpe, em julho deste ano. O primeiro-ministro turco reagiu: o bloco europeu tem muito mais a perder do que a Turquia se o processo de adesão do país à União Europeia for suspenso. 

Acampamentos de refugiados na Turquia abrigam mais de 2,7 milhões de sírios
Acampamentos de refugiados na Turquia abrigam mais de 2,7 milhões de sírios REUTERS/Umit Bektas/File Photo
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"Somos um dos fatores de proteção da Europa. Se os refugiados passam, eles vão inundar a Europa e a Turquia vem impedindo isso", declarou à TV turca o primeiro-ministro Binali Yildirim, completando que se a ruptura das relações com a Europa prejudicaria o seu país, o bloco seria prejudicado cinco ou seis vezes mais.

A declaração, que pode ser considerada uma advertência, foi uma resposta ao pedido dos eurodeputados do congelamento temporário das negociações de adesão da Turquia com a União Europeia, iniciadas em 2005. O motivo é a repressão considerada "desproporcional", desde a tentativa do golpe de Estado em julho deste ano.

A resolução, que não é vinculativa, foi aprovada por uma ampla maioria em Estrasburgo. O texto - apoiado pelos quatro principais grupos no Parlamento - conservadores, socialistas, liberais e verdes - foi aprovado por 479 votos a favor, 37 contra e 107 abstenções.

A delegação da Turquia em Bruxelas condenou imediatamente o apelo dos deputados europeus, citando uma "falta de visão". Antecipando-se à votação, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, considerou na quarta-feira (23) que era "sem valor, independentemente do resultado". A decisão de suspender o processo de adesão pertence, de fato, aos Estados-Membros.

De acordo com a resolução do Parlamento, desde a tentativa de golpe de Estado, em julho deste ano, "as medidas repressivas tomadas pelo governo turco no âmbito do estado de emergência são desproporcionais, atingindo os direitos e liberdades consagrados na Constituição turca" e aos "valores democráticos fundamentais da União Europeia".

Embora reconheça que Ancara é "um parceiro importante" da UE, a resolução diz que a Turquia já não mostra "a vontade política" para cooperar, "as ações de seu governo se desviam do caminho europeu" . Além disso, os deputados alertam que "a restauração da pena de morte pelo governo turco deve levar a uma suspensão formal do processo de adesão". "Pretender que as negociações de adesão possam continuar em tais circunstâncias é enganar os nossos cidadãos e trair os cidadãos turcos", disse na terça-feira (22) o líder dos liberais europeus, o ex-primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt.

União Europeia, Turquia e pacto migratório

Em um relatório publicado na semana passada, e rejeitado por Ancara, a Comissão Europeia criticou a Turquia por retroceder em critérios para a adesão ao bloco europeu, especialmente em matéria de liberdade de expressão e Estado de direito. Dezenas de milhares de prisões, suspensões e demissões, desde o golpe fracassado em meados de julho, têm despertado a preocupação entre os parceiros ocidentais da Turquia, que é membro histórico da Otan.

Apesar deste panorama, a maioria dos Estados-Membros da UE se opõem a uma cessação das negociações com o país. Em um debate que precedeu a votação na terça-feira, a chefe da diplomacia europeia Federica Mogherini pediu para se "manter os canais de comunicação" com o governo turco. Para ela, "todos" perderiam com o congelamento das negociações de adesão.

Alguns líderes europeus estão particularmente preocupados com o possível descumprimento pelo governo turco do acordo migratório assinado em março com a UE para bloquear o fluxo de refugiados que tentam chegar à Europa. Hoje, o país tem em seu solo cerca de 2,7 milhões de refugiados sírios. Em contrapartida ao pacto migratório, o governo turco reclama a isenção de visto para os seus cidadãos para o espaço Schengen, e ameaça romper o acordo com a UE, se esta exigência não avançar

(informações da AFP)

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