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Linha Direta

Dinamarca inaugura primeiro condomínio para dementes

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Uma vila residencial construída exclusivamente para pessoas que sofrem de demência foi inaugurada esta semana na Dinamarca. A vila, que é a primeira do país, tem 125 residências e poderá abrigar até 225 pessoas que sofrem com a demência, que causa a morte de uma pessoa a cada três horas no país.

Foto: Divulgação
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Margareth Marmori, correspondente da RFI na Dinamarca

O condomínio fica em um quarteirão da cidade de Svendborg, na ilha dinamarquesa de Fyn. Ele foi criada pelo governo municipal em torno de uma antiga cervejaria, onde já funcionava um asilo. O quarteirão foi adaptado para garantir conforto, segurança e atividades motivadoras para os residentes. Na vila, os moradores poderão passear por uma pequena rua comercial onde encontrarão serviços como salão de beleza, musicoteca, academia, cafeteria e restaurante.

A área externa inclui um anfiteatro, jardim e uma pequena trilha para caminhadas. Tudo será cercado para evitar que os moradores avancem além da área do complexo e não consigam voltar para casa. Assim eles poderão sair e se movimentar sem ter medo de se perder, o que acontece com frequência com pessoas dementes, em áreas normais de uma cidade. De acordo com o prefeito de Svendborg, Lars Erik Hornemann, trata-se de uma política do governo de criar uma sociedade mais amigável e um ambiente mais adequado para os dementes.

Projeto caro

A prefeitura de Svendborg vai gastar mais de R$ 3,5 millhões na criação da vila, que ainda não está completamente finalizada. Ainda falta concluir instalações na área externa, como um canteiro e galinheiro. O projeto servirá também como um centro de referência cujos resultados positivos ou negativos serão usados para orientar iniciativas semelhantes em outras cidades dinamarquesas. Outras três cidades têm planos para criar condomínios do mesmo tipo. Além disso, o funcionamento da vila será acompanhado por uma universidade, que desenvolverá quatro projetos de pesquisa para monitorar o sucesso ou não da experiência.

A vila também é uma forma de tentar lidar com o crescimento alarmante do número de casos de demência, que se tornou um problema de saúde pública na Dinamarca. No país, que tem pouco mais de 5 milhões de habitantes, quase 80 mil pessoas sofrem com a doença.

O Centro Nacional de Pesquisas sobre a Demência prevê que o número de dementes no país deverá chegar a 140 mil pessoas no ano de 2040. Segundo o Centro, a cada três horas, uma pessoa morre por causa da doença no país. O pior é que ainda não há cura para a demência, que é a quinta maior causa de morte na Dinamarca. O país gasta quase R$ 10 bilhões  por ano no tratamento e cuidados com pessoas dementes.

Isolamento

Algumas pessoas têm essa preocupação. A Associação para os Pacientes com Alzheimer da Dinamarca elogia o interesse pelo tema do governo de Svendborg, mas questiona se a criação de vilas é a melhor solução. Em entrevista publicada pelo canal TV2, o presidente da Associação, Nis Peter Nissen, disse que a criação de vilas para dementes é uma ideia preocupante porque tira os pacientes do convívio com o resto da sociedade. Segundo ele, o melhor seria que todos os asilos para idosos estivessem equipados para abrigar os dementes porque a grande maioria dos moradores dessas instituições sofrem de demência.

Já os defensores da ideia argumentam que a sociedade não está preparada para lidar com pessoas dementes e por isso essas vilas são a melhor forma de garantir aos pacientes uma rotina parecida com a que tinham antes de adoecerem. Num salão de beleza qualquer, por exemplo, o cabelereiro poderia ter dificuldade para lidar com uma pessoa demente, mas, numa vila dessas, ele seria treinado especialmente para atender esses clientes com necessidades especiais.

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