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Justiça britânica autoriza congelamento de jovem que morreu de câncer

A Justiça britânica autorizou o congelamento do corpo de uma jovem, que apresentou o pedido pouco antes de sua morte por câncer, com a esperança de que os avanços científicos permitam ressuscitá-la no futuro. É uma decisão legal sem precedentes no Reino Unido.

A Justiça britânica autorizou o congelamento do corpo de uma jovem de 14 anos
A Justiça britânica autorizou o congelamento do corpo de uma jovem de 14 anos REUTERS/Jeff Topping/File Photo
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"Tenho apenas 14 anos e não quero morrer, mas sei que vou morrer", escreveu na sua solicitação. "Acredito que ser preservada em criogenia me dá uma oportunidade de cura e de acordar de novo, mesmo que seja daqui a centenas de anos".

A jovem recorreu à Justiça para assegurar que sua mãe, que apoiava a ideia, tivesse a última palavra sobre o destino de seu cadáver. Os pais da garota estão divorciados e, inicialmente, o pai era contrário ao plano, mas, durante o processo, acabou aceitando a ideia.

O juiz da Alta Corte Peter Jackson decidiu a favor da jovem após uma audiência privada em outubro, cujo resultado foi divulgado nesta sexta-feira (18). A jovem demandante pediu que nenhum nome envolvido no processo fosse identificado.

Jovem teve conhecimento da decisão

A adolescente estava muito doente para comparecer ao tribunal e faleceu pouco depois, mas teve conhecimento da decisão favorável do juiz, de acordo com a defesa.

O cadáver foi levado para os Estados Unidos, onde existem centros dedicados à conservação dos corpos, com a esperança de que a ciência consiga ressuscitá-los algum dia.

"Não é uma surpresa que essa demanda seja a primeira desse tipo a chegar à Justiça neste país e, provavelmente, em qualquer outro", afirma o juiz Jackson em sua decisão.

"Combinação trágica"

"É um exemplo das novas perguntas que a ciência apresenta ao direito, principalmente ao direito familiar", acrescenta Jackson. O magistrado descreveu o caso como uma "combinação trágica" da doença de uma jovem e um conflito familiar, elogiando a coragem da demandante.

A filha não teve contato com o pai nos últimos oito anos de sua vida, mas ele expressou inquietação com o custos e as consequências de sua decisão.

"Mesmo que o tratamento tenha êxito e a devolva à vida, digamos, em 200 anos, poderia estar sem nenhum parente nem lembrar de nada", disse o pai ao juiz antes de aceitar a vontade da jovem.

Sem garantia de sucesso

Segundo o jornal britânico The Times, os avós maternos pagarão 37 mil libras pelo tratamento, que está sendo realizado nos Estados Unidos pelo Instituto de Criogenia, em Michigan.

Essa organização confirmou ter recebido, em 25 de outubro, o corpo, que será resfriado a 196ºC negativos e mantido em nitrogênio líquido, à espera de uma eventual ressuscitação.

O Instituto de Criogenia foi criado em 1976 pelo professor de física americano Robert Ettinger, considerado o pai da criogenia e que foi congelado após sua morte, em 2011, aos 92 anos.

Ettinger desenvolveu a teoria de que "é possível conservar o cadáver indefinidamente", de modo que um dia "a ciência médica possa reparar os danos causados pela doença e pela criogenia".

O Instituto, que conta com uma centena de corpos congelados, deixa claro que não pode garantir o sucesso do tratamento.

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