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Planeta Verde

França tem primeiro partido de proteção dos direitos dos animais

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Com quase 15 anos de atraso em relação aos vizinhos holandeses, a França tem agora o primeiro partido dedicado à proteção dos direitos dos animais. O Partido Animalista pretende incluir a questão na Constituição, a exemplo do que ocorreu com o meio ambiente. Outro objetivo é pressionar pelo aumento da legislação contra abusos e maus-tratos na agricultura e em determinadas práticas culturais, como as touradas.

Partido Animalista quer inscrever direito dos animais na Constituição francesa.
Partido Animalista quer inscrever direito dos animais na Constituição francesa. Divulgação
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O partido nasceu do empenho de sete fundadores, antigos aliados da causa animal. A advogada Helène Thouy defende nos tribunais a Associação L214, famosa no país pela divulgação de vídeos gravados com câmera escondida em abatedouros e fazendas. As imagens costumam mostrar cenas revoltantes de agressões e violência aos bichos – atitudes que contrariam as normas europeias sobre o sofrimento animal, mas que o governo francês tem dificuldade em fiscalizar.

“Com todos os escândalos revelados pelos vídeos, vimos que houve um grande impacto na opinião pública. Muita gente ficou chocada pela descoberta dos maus-tratos, afinal a maioria das pessoas não consegue imaginar como os animais são realmente tratados enquanto não veem com os próprios olhos”, afirma Thouy. “Esse era o momento de responder às expectativas dessas pessoas e passar a considerar mais os animais.”

Fim de competições com animais e do foie gras

O partido pretende batalhar pela criação do Ministério da Proteção dos Animais, que retiraria da pasta da Agricultura a responsabilidade de zelar pelos bichos. Além disso, o programa inclui o fim de mutilações praticadas nas fazendas, como castração e corte do bico de aves, a proibição de competições de animais, como rinha de galo, e da prática de gavagem de gansos, utilizada para a fabricação do tradicional foie gras francês.

A produção de animais em gaiolas também seria interditada, sob um prazo de 10 anos, e o partido deseja incitar a redução de 25% do consumo de produtos de origem animal no país, até 2025.

“De uma forma geral, falta ação de todos os partidos políticos nessa questão, incluindo os verdes e os ecologistas. Esse é um dos objetivos do nosso partido: atender ao eleitorado sensível à questão e mostrar aos outros partidos que já passa da hora de eles levaram isso em conta”, ressalta Thouy.

Candidato à presidência

Por enquanto, o Partido Animalista não vai se candidatar às eleições presidenciais de 2017, mas pretende se apresentar para as eleições legislativas. O Palácio do Eliseu, porém, é a ambição de um candidato independente: trata-se de Michel Fize, um sociólogo que tenta conseguir a autorização para formalizar a candidatura à presidência, enquanto cria o Partido Para os Animais.

“Para mim, a ecologia é, antes de mais nada, a ecologia da natureza e dos seres vivos – e os animais são os mais numerosos a habitar o nosso planeta. Com a minha candidatura, percebo que a causa animal ainda não é considerada uma causa política”, sublinha Fize. “O animal não é nem de direita, nem de esquerda. Ele é a favor daqueles que o defendem.”

Ecologistas afastados da causa

A decepção com o Partido Europa Ecologia - Verdes é um traço comum dos defensores da causa. Eles observam que, na França como no restante da Europa, os ecologistas se concentram nas grandes questões ambientais, como as mudanças climáticas e a poluição, mas deixaram de lado a defesa da fauna.

Por outro lado, os franceses são cada vez mais sensíveis à questão. “80% dos franceses são favoráveis aos lobos, uma espécie protegida que é exterminada de uma maneira ilegal nas montanhas, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente. É uma loucura o que acontece na França”, nota Marc Giraud, vice-presidente da Associação pela Proteção dos Animais Selvagens. “Sabemos que somos apoiados por uma massa de eleitores que nunca foi ouvida pelos políticos.”

A Holanda é citada como o verdadeiro exemplo europeu neste tema, ao incluir a proteção animal na política. O país já tem senadores e deputados regionais, nacionais e europeus eleitos sob a sigla do Partido para os Animais, criado em 2002.

Outra inspiração vem da Espanha, onde o Partido Animalista contra os Maus-Tratos aos Animais tem conquistado cada vez mais adeptos e chegou a 1,16% dos votos nas últimas eleições.
 

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