Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Desemprego atinge mais italianos que imigrantes na Itália

Publicado em:

A Europa enfrenta a maior crise migratória dos últimos anos, mas um relatório publicado recentemente pela Fundação Leone Moressa mostra que o velho continente precisa dos estrangeiros para produzir riqueza e pagar a aposentadoria dos idosos. 

Migrantes resgatados pela Guarda Costeira italiana chegam no porto de Pozzallo, na Sicília, em imagem de 31 de agosto de 2016.
Migrantes resgatados pela Guarda Costeira italiana chegam no porto de Pozzallo, na Sicília, em imagem de 31 de agosto de 2016. REUTERS/ Antonio Parrinello
Publicidade

Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

O relatório anual sobre “O impacto fiscal da imigração” se baseou nos dados do departamento de estatísticas da União Europeia, Eurostat, e da Itália, Istat. O documento revela que, sem imigrantes, o velho continente ficaria realmente mais velho, mais pobre e improdutivo. É isso que aconteceria em 2030, se hoje a Europa fechasse totalmente suas fronteiras aos imigrantes.

Em apenas 13 anos, a população da União Europeia diminuiria em 1,9%, caindo abaixo do atual nível de 500 milhões de pessoas. A queda demográfica mais drástica seria na Alemanha,- 7% (de 81 a 75 milhões de pessoas) e, na Itália, -5%, (de 60 a 57 milhões). A faixa etária produtiva diminuiria. Os trabalhadores jovens seriam cada vez mais raros e ao mesmo tempo aumentaria a quantidade de idosos.  

Ao contrário do que pensa a maioria dos italianos, os estrangeiros que trabalham na Itália produzem riqueza e ajudam a pagar a aposentadoria dos próprios italianos. O relatório da Fundação Leone Moressa revela que, em 2015, os imigrantes que trabalham na Itália produziram € 127 bilhões, comparável ao faturado do grupo Fiat. A despesa pública italiana gastou com os imigrantes 2% do orçamento, ou seja, € 15 bilhões, muito menos do que os € 270 bilhões gastos com as aposentadorias dos italianos.

Maioria dos imigrantes estão empregados

A Itália conta com cerca de 5 milhões de estrangeiros regulares, a maioria empregados. Os imigrantes empresários são 656 mil. Em compensação, os estudos mostram que 550.000 empresas de imigrantes produzem anualmente € 96 bilhões de valor agregado. Enquanto as empresas administradas por italianos estão diminuindo, as empresas dos imigrantes aumentaram cerca de 20% nos últimos quatro anos.

O verdadeiro problema parece ser a produtividade. O índice de emprego de estrangeiros é muito maior do que a dos italianos, mas na maioria dos casos (66%) se trata de empregos pouco qualificados, que são parcialmente justificados pelo baixo nível de educação da população estrangeira. O resultado é uma diferença muito alta de salário e renda entre a população estrangeira e a italiana, e, portanto, menos impostos pagos.

Brasil está em vigésimo lugar

Na Itália, o Brasil está em vigésimo lugar entre os países de origem dos contribuintes estrangeiros. Em primeiro está a Romênia, seguida pela Albânia, Marrocos, China, Suíça, Alemanha, Ucrânia e França. Em 2015 segundo o Ministério das Finanças italiano, 45.377 brasileiros declaram impostos de renda na Itália , com uma média um rendimento de 14.912 euros por ano, ou seja , 1.242 euros por mês, cerca de R$ 4.360  por mês. Mas trocando em miúdos, com o custo de vida na Itália, este valor não dá pra pagar um aluguel e sustentar uma família de dois filhos.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.