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Linha Direta

Apesar de derrota eleitoral, Merkel deve superar crise no governo

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Após a severa derrota do partido da chanceler Angela Merkel para a direita populista em eleições regionais no  domingo (4), o governo alemão atravessa uma crise.

Angela Merkel
Angela Merkel REUTERS/Hannibal Hanschke
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Márcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim

Parceiros da coalizão que sustenta a mandatária fazem duras críticas à política para imigrantes, enquanto a popularidade da chanceler chega ao pior nível dos últimos cinco anos. Alguns até já falam no fim do governo Merkel. Mesmo assim, a chanceler afirma que continuará no mesmo rumo.

As eleições no estado alemão de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental eram vistas como um teste para a atual política migratória alemã. O partido de Merkel teve um resultado ruim no estado, enquanto a direita populista, que defende o endurecimento da política para imigrantes, comemora um sucesso histórico.

A situação de Merkel é delicada, ela enfrenta duras críticas não só da oposição mas de seus próprios aliados, mas ela avisou que manterá as linhas gerais de sua política para refugiados. Em declaração na segunda-feira (5), Merkel voltou a defender as principais metas de sua política migratória, apesar da derrota nas urnas em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental.

Recuperar a confiança

Ele disse reconhecer que os alemães não estão tendo confiança suficiente no sucesso das medidas e que ela está ciente que deve trabalhar intensamente para recuperar a confiança do eleitorado. Merkel afirmou tambem que se considera corresponsável pela derrota, já que a campanha foi dominada pela crise de refugiados.

Mas ela disse que, apesar da insatisfação, considera correta a base das decisões que tomou nos últimos meses, descartando fazer uma mudança de rumo na política para refugiados. Ela reconheceu também que é preciso fazer mais para convencer os cidadãos de que esse é o caminho certo.

A derrota aconteceu exatamente no estado em que a chanceler tem sua base eleitoral nas eleições gerais, que devem ocorrer daqui a um ano, e no aniversário do dia em que a chanceler decidiu abrir as fronteiras alemães durante a crise dos refugiados.

Vai conseguir sair da crise

Porém, embora muitos estejam vendo o começo do fim do governo Merkel, a maioria dos analistas acredita que a chanceler vai conseguir sair dessa crise, como tem conseguido sair de outras, basta lembrar da crise da Grécia em que o governo Merkel sofreu enorme pressão.

Agora é a crise de refugiados que causa problemas, e há meses se repete que a era do governo Merkel parece chegar ao fim.

Houve a controversa frase "Nós vamos conseguir", que Merkel disse um ano atrás, para comunicar que conseguiria abrigar os refugiados,.

Vários acontecimentos colocaram em dúvida a sua política de abertura aos migrantes: ataques contra abrigos de refugiados; o réveillon em Colônia, em que estrangeiros assediaram mulheres sexualmente; e os atentados em Würzburg e Ansbach, em que os autores eram migrantes. Mesmo assim, Merkel continua mantendo seu posicionamento na questão dos refugiados.

É claro que os resultados da eleição regional no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental são uma derrota para o governo e que o sucesso da direita populista preocupa os partidos tradicionais.

Resultado não deve ser superestimado

Mas esse resultado regional não deve ser superestimado, porque ocorreu em um estado que tradicionalmente tende ao voto de protesto, em que há anos extrema direita é forte.

Embora Merkel deva considerar esse resultado uma lição e sua popularidade esteja em baixa, o partido dela ainda está na frente das pesquisas a nível nacional, sem um partido que realmente possa servir de ameaça. Mas é verdade também que estamos há um ano das eleições e até lé muita coisa pode acontecer.

Merkel ainda não anunciou que vai se candidatar novamente ano que vem. Mesmo assim, é bem possível que ela concorra de novo. Apesar das previsões apocalípticas, a Alemanha está numa boa situação econômica. O desemprego é baixo, há postos de trabalho a disposição, que injetam dinheiro nos fundos de seguridade social, a receita fiscal bate recorde e registra até mesmo um superávit.

Numa simulação da campanha eleitoral do próximo ano, tanto os social-democratas quanto os conservadores de Merkel continuam na frente. Então, a respostta é sim. Por enquanto, Merkel ainda tem chance de se reeleger mais uma vez.
 

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