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“Temem que o povo me eleja em 2018”, afirma Lula ao papa Francisco

O papa Francisco recebeu nesta sexta-feira (2) uma carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O documento de sete páginas foi escrito em espanhol nesta terça-feira (30) - um dia antes do impeachment de Dilma Rousseff.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o discurso de Dilma Rousseff no Senado, em 29 de agosto de 2016.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o discurso de Dilma Rousseff no Senado, em 29 de agosto de 2016. REUTERS/Ueslei Marcelino
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Rafael Belincanta, correspondente da RFI em Roma

Lula inicia a carta informando o papa sobre a “gravíssima situação política e institucional que o Brasil vive” e que “tomou a liberdade de escrever em nome da amizade e respeito que o pontífice tem pelo Brasil”.

Na primeira parte do documento, o ex-presidente afirma que por “meios democráticos e pacíficos”, o governo do PT conseguiu tirar o Brasil do mapa da fome da ONU, “liberando da miséria” mais de 35 milhões de brasileiros, além de “aumentar a renda e o consumo de outros 40 milhões”, no que chamou de “maior movimento de mobilidade social” da história do Brasil.

Lula afirma que após a vitória de Dilma Rousseff em 2014 sobre uma “poderosa coalizão de partidos”, os adversários não se conformaram com a derrota e “tentaram impugnar o resultado por todos os meios legais, sem obter êxito”.

O ex-presidente escreve que, a partir de então, “os partidos derrotados e os grandes grupos de comunicação se rebelaram contra as regras do regime democrático, começando a sabotar o governo e a conspirar para tomar o poder por meios ilegítimos”.

Durante o ano de 2015 - prossegue o documento - “no afã de inviabilizar o governo, apostaram contra o país, aprovando no parlamento um conjunto de medidas irresponsáveis para comprometer a estabilidade fiscal”. “Finalmente” - lê-se a seguir - “não titubearam em desencadear o processo de impeachment inconstitucional e completamente arbitrário contra a Presidente da República”.

Deste ponto em diante, Lula defende Dilma Rouseff, “uma mulher íntegra cuja honra pessoal e pública é reconhecida até mesmo por seus adversários mais fervorosos. Nunca foi, nem está sendo, acusada de nenhum ato de corrupção”.

Lula afirma que o governo Dilma não cometeu crime de responsabilidade fiscal e diz que os procedimentos contábeis “utilizados como pretexto para a destituição da presidente” nunca foram motivo para penalizar nenhum governo. “Trata-se, portanto, de um processo estritamente político, que viola abertamente a Constituição e as regras do sistema presidencialista”, afirmou Lula.

"Forças conservadoras"

Na última parte da carta, Lula escreve que as “forças conservadoras querem obter por meios obscuros aquilo que não conseguiram democraticamente: impedir a continuidade e o avanço do projeto de desenvolvimento e inclusão social liderado pelo PT, impondo ao país o programa político e econômico derrotado nas urnas”.

O ex-presidente chega as considerações finais alertando que “as mesmas forças que tentam derrubar a presidente, também querem criminalizar os movimentos sociais e um dos maiores partidos de esquerda democrática da América Latina, o PT”. “Não se trata de mera retórica - lê-se a seguir - o PSDB já apresentou formalmente uma proposta de cancelamento do registro do PT”, disse Lula.

Temem que em 2018, com eleições livres, o povo brasileiro possa me eleger presidente da República, para resgatar o projeto democrático e popular”, afirmou.

Imagem da carta do ex-presidente Lula recebida pelo Papa Francisco nesta sexta-feira (2).
Imagem da carta do ex-presidente Lula recebida pelo Papa Francisco nesta sexta-feira (2). Reprodução

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