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"Anjos de moto" ajudam socorristas e vítimas de terremoto na Itália

Um grupo de motociclistas se converteu nos "anjos de moto" na Itália, distribuindo ajuda a socorristas e desabrigados graças a sua destreza em percorrer as estradas íngremes e inacessíveis para chegar às aldeias arrasadas pelo terremoto de quarta-feira (24).

Motociclistas ajudaram as vítimas do terremoto
Motociclistas ajudaram as vítimas do terremoto Reuters
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Os motociclistas, todos voluntários e apaixonados por seus veículos, famosos pelo companheirismo, amor pela liberdade e pela natureza, se tornaram essenciais como meio de transporte alternativo devido aos muitos desabamentos registrados nas estradas que levam a Amatrice e Accumoli, as localidades montanhosas mais afetadas pelo terremoto e que correm o risco de ficar isoladas.

Os motociclistas costumam levar alimentos, remédios ou simplesmente notícias. Diante de um enorme mapa da região, com todas as estradas e vielas locais, o coordenador estuda todas as opções possíveis.

"Veja como esta região está. Se ocorrerem problemas ou alguém precisar de algo, me informe", explica Mario Menicocci, 56, coordenador do grupo, a um companheiro.

Menicocci, que vive nesta região a 150 km de Roma, forma parte há 15 anos de um motoclube e conhece na palma da mão todos esses pequenos vilarejos.

"Para mim foi algo óbvio. Colocamos nossas motos e conhecimento a disposição, já que podemos usar diferentes caminhos e vias a serviço de uma boa causa", afirma.

Apoio da Defesa Civil

O motoclube nasceu em 2002 e tem o apoio da Defesa Civil, já que atuou em diversas ocasiões, inclusive durante o terremoto em 2009 em L'Aquila, que deixou mais de 300 mortos.

"Quando o fluxo é interrompido por algum motivo, nós aparecemos. Um deslizamento de terra no meio de uma estrada ou uma ponte desabada, nós chegamos, até cruzamos o rio se não for tão profundo", conta Mario.

Ajudados pelos especialistas da Defesa Civil, cobriram todo o território afetado, já que outros meios de transporte não conseguiram chegar. Menicocci calcula que um motociclista tem 70% mais chances de passar onde os demais veículos não conseguem.

Livros como agradecimento

Poucas horas depois do terremoto, o grupo se organizou para disputar uma corrida contra o tempo especial, a de ajudar os sobreviventes. "Levamos comida a um idoso de 80 anos que estava sozinho em sua casa, isolado nas colinas", contou Ugo Filosa. "Ficou tão feliz que, como gesto de agradecimento, nos presenteou com livros", disse feliz.

"Depois a Cruz Vermelha me pediu para levar remédios urgentes a um doente", prossegue Ugo, piloto há vários anos. Apesar de sua idade, 70 anos, Giuseppe Vidi, de Perugia, perto da zona afetada, não hesitou nem por um instante em montar em sua moto para ajudar as pessoas, já que acumulou uma boa experiência neste tipo de catástrofe. "Desde o terremoto de Assis, em 1997, sou voluntário e ofereci minha ajuda", contou.

Emiliano e Pierluigi são membros do clube local e consideram normal oferecer sua solidariedade. "É nossa região. Vivemos aqui", afirmam.

O número de voluntários varia segundo a necessidade, mas calcula-se que desde a madrugada de quarta-feira, quando o centro da Itália foi abalado pelo violento terremoto, cerca de doze motoristas prestaram ajuda.

O grupo entra em contato através do Facebook, e as ofertas aumentaram tanto que Mario precisou frear o entusiasmo.

"Não, não venham todos neste momento, mas se preparem, pode ocorrer outro tremor forte e não se sabe o que vai acontecer", adverte Mario enquanto responde a mais uma chamada em seu telefone celular.

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