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Brasil-África

Cineasta brasileiro que mora em Moçambique é destaque em festival suíço

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O cineasta Licínio Azevedo, que vive há 40 anos em Moçambique, participou do Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, com o filme "Comboio de Sal e Açúcar".

Licínio Azevedo
Licínio Azevedo Divulgação
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Rui Martins, em colaboração para a RFI de Locarno

Essa grande produção é talvez o primeiro western africano. Trata das moçambicanas que, durante a guerra civil, iam vender o sal retirado da costa do país no Malawi. Com o dinheiro, elas compravam açúcar, produto ausente em Moçambique por não ser possível manter as plantações de cana-de-açúcar durante a guerra.

O filme ganhou destaque no festival, reservado para as grandes produções europeias e americanas. Foi exibido no gigantesco telão de 300 metros quadrados, montado na maior praça da cidade, a Piazza Grande. O local reúne todas as noites cerca de 8 mil espectadores sob um céu estrelado de verão.

Viagens como jornalista

O brasileiro tinha 25 anos quando começou a viajar como jornalista. O Brasil vivia nessa época a ditadura militar, e as reportagens de Licínio geralmente não eram publicadas, recusadas pela censura. Foi assim que ele acabou indo para Moçambique, onde chegou logo depois de o país ter conquistado sua independência.

Depois de ter ouvido tanto falar em Amílcar Cabral, Samora Machel e outros líderes da luta contra o colonialismo português salazarista, Licínio decidiu ficar para participar da construção do país, onde tudo estava por fazer em termos de comunicações e de cinema, um setor pelo qual se sentia atraído.

Não havia hora melhor, estavam ali em Maputo as pessoas mais certas para ajudarem os moçambicanos a criar o Instituto Nacional de Cinema: os cineastas Ruy Guerra, Jean-Luc Godard e Jean Rouch.

Licínio Azevedo conta ter tido aulas de cinema com esse trio de grandes mestres. Foi o suficiente para que o gaúcho aventureiro lançasse as amarras e decidisse ficar definitivamente em Maputo, capital de Moçambique.

Hoje moçambicano com direito a passaporte, ele já escreveu livros, fez documentários, longas e curtas-metragens, descasou, casou e teve uma filha.

Mantém seu contado com o Brasil participando de festivais, dando conferências e, recentemente, retomou suas relações com Porto Alegre. Na capital gaúcha, a produtora Panda Filmes decidiu participar do financiamento do seu último filme, que também teve recursos da França, África do Sul e, principalmente, Portugal.

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