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Eurodeputados analisam fratura na UE com o Brexit

O jornal francês Libération desta sexta-feira (24) destaca as consequências do Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, que ganhou o plebiscito realizado na quinta-feira (23) no país.

O deputado franco-alemão Daniel Cohn-Bendit
O deputado franco-alemão Daniel Cohn-Bendit facebook/Daniel-Cohn-Bendit
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A publicação entrevistou dois eurodeputados franceses, Sylvie Goulard (Movimento Democrático) e Daniel Cohn Bendit (Verdes), para comentar a situação atual do bloco europeu.

Segiundo Cohn-Bendit, a União Europeia não é mais desejável porque ela não está à altura dos desafios atuais. Para Sylvie, o plesbicito britânico não foi tratado com a importância que ele merecia.

Ela lembra que, até agora, o processo de ampliação e de aprofundamento da União Europeia, mesmo que caótico, foi contínuo - e essa é a primeira saída do bloco.

Efeito dominó

Perguntados se há o risco de um efeito dominó, os dois deputados respondem que sim. Segundo Sylvia, a Hungria quer seguir os passos do Reino Unido. Mas, para ela, essa seria uma saída positiva, já que considera que o governo húngaro é quase ditatorial e que as declaraçãoes do presidente do país de que o bloco europeu é a nova União Soviética são completamente equivocadas.

Cohn-Bendit diz que o ceticismo crescente em relação à União Europeia tem relação direta com as crises pelas quais passa o bloco, como a econômica e a migratória, o que leva alguns países a pensar que a soberania nacional os protegerá. Segundo ele, é um terreno fértil para o crescimento dos discursos populistas.

Votos dos mais velhos

O jornal pergunta ainda se não é inquietante que os cidadãos que votem contra a União Europeia sejam, na maioria, homens mais velhos, com baixo nível educacional e que moram fora dos grandes centros.

O deputado responde que isso é um reflexo da incapacidade do países de criar uma coesão benéfica para todos. Os estados-membros continuam responsáveis por suas políticas econômicas, sociais e educacionais.

Cohn-Bendit afirma ainda que sair da União Europeia não é a solução. Caso o bloco perca mais membros, os países que deixarem a união não ficarão mais fortalecidos.

Le Monde vê repúdio à Europa

A manchete do jornal Le Monde que chegou às bancas nesta tarde, diz, em letras garrafais: "O Reino Unido deixa a Europa". Em editorial, o diário centrista estima que a Europa é vítima de um imenso repúdio e foi rejeitada pela maioria dos britânicos.

"Isso quer dizer que a segunda economia da União Europeia deixa o projeto europeu", "um triste acontecimento para o bloco, enfraquecido no interior de suas fronteiras e cuja imagem no exterior é de uma entidade em declínio", diz o jornal.

"Cameron se arriscou demais" ao convocar o plebiscito, avalia Le Monde no editorial. Com o anúncio de sua saída, reitera o diário, resta "organizar um divórcio que se anuncia complicado" para ambos os lados, mas principalmente para os eurocéticos, que ameaçam a unidade de seu próprio país, avalia Le Monde.

E embora os tratados determinem um período de 2 a 4 anos para gerenciar essa partida, os chefes da campanha do "Leave" fazem marcha ré, escreve o jornal, dizem que não é preciso se apressar e podem "se enrolar" até 2020. Para Le Monde, os eurocéticos britânicos têm medo do desconhecido. "Mas, senhores ingleses, vocês escolheram, então "fora", é "fora"", finaliza o editorial.

Um dos maiores desafios da UE

Já para o jornal Le Figaro, o plebiscito no Reino Unido é um dos maiores desafios da União Europeia, mas não é o único. Depois de vários anos de crise, o euroceticismo ultrapassa as fronteiras da Grã-Bretanha. "de Berlim a Roma, de Paris a Madrid, as classes políticas estão cansadas e são, talvez, incapazes de relançar um projeto europeu prematuramente ultrapassado em seus 60 anos" de duração, escreve o correspondente do jornal em Bruxelas.

Pior ainda, Le Figaro acredita que nem a chanceler alemã, Angela Merkel, nem o presidente francês, François Hollande, terão a coragem de se engajar a fundo pela Europa. Porque, diz o jornal, reconstruir significa reescrever os tratados europeus, dando margem para o crescimento do euroceticismo que é ainda maior na França do que no Reino Unido, destaca Le Figaro.

 

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