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Linha Direta

Indecisos vão definir plebiscito no Reino Unido

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Faltando dois dias para o plebiscito que vai definir o futuro do Reino Unido dentro da União Europeia, o objetivo agora é conquistar os eleitores indecisos. Os atos oficiais de campanha pela manutenção e a saída dos britânicos da UE estavam suspensos desde a última quinta-feira, quando a parlamentar trabalhista Jo Cox foi atacada e morta por um ativista de extrema-direita

No próximo 23 de junho os eleitores britânicos votarão para permanecer na União Europeia ou não.
No próximo 23 de junho os eleitores britânicos votarão para permanecer na União Europeia ou não. REUTERS/Neil Hall
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Maria Luísa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres

A campanha Remain, pela permanência, voltou a subir nas pesquisas depois de ter passado as últimas semanas abaixo da campanha Leave, pela saída dos britânicos do bloco europeu. As mesmas sondagens indicam que os dois lados ainda estão tecnicamente empatados e que o resultado só deve ser conhecido mesmo nas urnas.

Segundo os últimos resultados, divulgados na noite de sábado, a campanha pela permanência tem uma média de 45% das intenções de votos, contra 42% da preferência pela saída. A margem de indecisos continua relativamente alta, com 13%. É importante lembrar que os britânicos são bastante céticos em relação às pesquisas porque houve muitos erros de previsão nas últimas votações importantes ocorridas no país.

Nas eleições gerais do ano passado, a previsão era de que o Partido Conservador teria dificuldade em formar uma maioria no Parlamento, e na realidade o partido ganhou com folga. Em 2014, no referendo sobre o futuro da Escócia, as pesquisas indicavam a vitória da independência, quando as urnas mostraram que os escoceses preferiram ficar no Reino Unido. Um dado curioso em relação ao plebiscito desta quinta-feira é de que nas casas de apostas a campanha Remain, pela permanência, é a favorita em 1 para 4. Ou seja, uma indicação de que 75% dos apostadores acreditam que o país vai ficar na União Europeia.

Economia e imigração, dois temas para conquistar indecisos

As duas questões mais debatidas continuam sendo a economia e a imigração. Na segunda-feira, um grupo de grandes empresários britânicos, como Richard Branson, dono do conglomerado Virgin, defendeu a permanência na União Europeia. Nesta manhã, os jornais e sites de notícia destacam que o investidor americano George Soros alertou que a libra deve se desvalorizar em pelo menos 15% - e até chegar a mais de 20% - se o país decidir deixar o bloco europeu.

De fato, na semana passada, a libra caiu depois que as pesquisas de opinião mostraram que a campanha pela saída estava ganhando. Ontem, com a notícia de que o Remain tinha voltado a recuperar terreno, a moeda teve sua maior valorização desde 2009. Além disso, os presidentes das maiores redes de supermercados do Reino Unido também alertaram que o Brexit vai provocar uma alta nos preços de alimentos e roupas.

Mas os defensores da saída rechaçaram essas previsões, dizendo se tratar de uma campanha para espalhar o medo entre os eleitores. Os dois lados se enfrentam na noite desta terça-feira em um debate ao vivo, diante de uma plateia de 6 mil pessoas – o maior debate televisado desta campanha. A grande expectativa é pelo embate entre o novo prefeito de Londres, Sadiq Khan, que é trabalhista e defende a permanência do país na União Europeia, e o ex-prefeito Boris Johnson, conservador e uma das principais vozes da campanha pela saída.

Assassinato vai impactar plebiscito

Ainda é cedo para avaliar se o crime vai influenciar os eleitores, mas é certo que a morte de Cox provocou uma comoção nacional, algo que não se via no país há muitos anos. Oficialmente, pelo menos uma parlamentar que tinha se declarado a favor da saída agora anunciou que vai votar pela permanência no bloco. Mas o fato de Cox ser uma mulher jovem (que faria 42 anos nesta quarta-feira), mãe de duas filhas pequenas, uma pessoa que chegou ao Parlamento tendo crescido em uma família de operários, contribuiu para o clima de grande pesar, e fez os britânicos voltarem a pensar em questões como tolerância, solidariedade, liberdade de expressão e outros valores democráticos. Isso, talvez, faça com que cada um repense bem sua decisão de voto na quinta-feira.

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