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Linha Direta

Espanha começa campanha eleitoral com votação indefinida

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Começa nesta sexta-feira (10) a campanha eleitoral para as eleições gerais do dia 26 de junho na Espanha, a segunda em menos de seis meses. Desde janeiro, o país tem um governo interino por falta de acordo entre os partidos, que não alcançaram maioria na última votação. A prolongada indefinição mergulhou a Espanha em um dos cenários políticos mais caóticos da Europa.

Os líderes dos quatro maiores partidos espanhóis, da esquerda para a direita: Mariano Rajoy (PP), Pedro Sánchez (PSOE), Albert Rivera (Cidadãos) e Pablo Iglesias (Podemos).
Os líderes dos quatro maiores partidos espanhóis, da esquerda para a direita: Mariano Rajoy (PP), Pedro Sánchez (PSOE), Albert Rivera (Cidadãos) e Pablo Iglesias (Podemos). REUTERS/Jon Nazca
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Luisa Belchior, correspondente da RFI em Madri

As últimas pesquisas de intenção de voto indicam que o cenário permanece tão incerto quanto nos últimos meses e já se fala até em uma terceira eleição ainda neste ano. Como da última vez, as sondagens mostram como favorito o Partido Popular (PP), sigla conservadora do atual chefe de governo interino, Mariano Rajoy. Porém, mais uma vez, a legenda não conquistaria maioria no Parlamento e, por isso, teria necessariamente que fazer um pacto com algum outro partido. Em segundo lugar, estão de novo os socialistas do PSOE, cujo líder, Pedro Sánchez, já afirmou que não formará uma aliança com Rajoy. A diferença, desta vez, é que o Podemos, que ficou em quarto nas últimas eleições, aparece em terceiro lugar nas pesquisas. O Podemos é a sigla de extrema-esquerda surgida do movimento dos indignados, aquele que tomou as praças da Espanha em 2011. Seu líder, Pablo Iglesias, não aceita por enquanto pactar nem com os socialistas e muito menos com os conservadores.

A formação de um governo de coalizão na Espanha tornou-se impossível porque os partidos têm propostas e modelos de governo muito divergentes e nenhum deles abre mão de suas propostas. O PP defende uma política austera e medidas conservadoras, enquanto que os socialistas propõem menos cortes e o Podemos, uma mudança radical sobretudo nas políticas fiscal e social. O Cidadãos, o quarto colocado, uma sigla jovem nascida na Catalunha e apontada por especialistas como sendo de centro-direita, quer romper com os esquemas de corrupção e não aceita fechar um pacto com o PP, alvo de diversas denúncias de desvio de dinheiro público nos últimos anos.

Programas divergentes inviabilizam alianças

Um dos principais pontos de bloqueio é a falta de acordo entre os socialistas e o Podemos, que juntos conquistariam maioria folgada no Parlamento. O Podemos exige um referendo na Catalunha sobre a independência dessa região espanhola, algo que a sigla socialista não aceita. Para governar com o PSOE, o Podemos também exige que os socialistas não façam acordo com o Cidadãos, como já aconteceu no passado.

O Cidadãos tem sido apontado como peça-chave neste processo. O único acordo alcançado em todos esses meses foi entre essa sigla e os socialistas. O problema é que a coligação dos dois partidos ainda é insuficiente para obtenção de maioria no Parlamento, uma condição obrigatória no sistema de governo parlamentarista. A esperança dos socialistas é que, desta vez, seu partido ou o próprio Cidadãos consigam mais votos. O líder do PSOE, Pedro Sánchez, ainda considera um pacto com o Podemos, que cresceu nas últimas pesquisas. Já o Partido Popular oferece aos socialistas uma grande coalizão, algo que a sigla de centro-esquerda, por enquanto, rejeita.

Espanhóis vão às urnas céticos sobre fim da crise

Essa prolongada crise política deixa os espanhóis céticos quanto à formação de um novo governo e também mina a credibilidade dos partidos na opinião dos eleitores. O último barômetro do Centro de Pesquisas Sociológicas, uma consulta trimestral que este centro do governo faz para medir o clima dos espanhóis diante de diferentes aspectos, como política, economia, imigração e desemprego, aponta esse desgaste. Na última pesquisa, divulgada nesta semana, a maioria dos entrevistados, 82%, classifica como muito ruim a situação política do país. Por outro lado, uma minoria vê a falta de governo como o principal problema da Espanha. O foco das preocupações dos espanhóis, segundo a pesquisa, é o desemprego, seguido da corrupção e da economia. Temas que têm aparecido pouco nos debates políticos.

Até agora, os candidatos têm se preocupado mais com os cálculos políticos para formar uma maioria no Parlamento do que proposto soluções aos problemas concretos dos espanhóis.

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