Possível vitória da extrema-direita na Áustria preocupa União Europeia
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No próximo domingo (22), a Áustria deve eleger o primeiro chefe de Estado de extrema-direita da União Europeia. Com uma plataforma eleitoral anti-imigração e anti-Europa, o candidato do Partido Liberal da Áustria (FPÖ), Norbert Hofer, é o favorito das pesquisas. A ascensão de Hofer está preocupando a União Europeia.
Letícia Fonseca, correspondente da RFI Brasil em Bruxelas
A maioria dos líderes europeus certamente não quer um presidente de extrema-direita na Áustria, nem em qualquer outro país do bloco. A Europa, principalmente Berlim, está acompanhando a ascensão de Norbert Hofer com preocupação e nervosismo. Na semana passada, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker confessou abertamente apoiar o candidato do Partido Ecologista.
Segundo previsões, Hofer deve vencer as eleições e se tornar o primeiro chefe de Estado originário da extrema-direita na UE. A provável chegada ao poder de Norbert Hofer pode dificultar ainda mais um consenso sobre a política de asilo do bloco europeu.
Até o momento, Norbert Hofer tem tentando se manter moderado em suas declarações. Embora tenha sido contra a adesão da Áustria ao bloco europeu em 1995, o candidato da extrema-direita afirmou que não pretende convocar nenhum referendo sobre a UE.
Porém, ele tem planos de realizar um plebiscito para proibir mesquitas no país. Como forte crítico da política de imigração europeia, Hofer enfatiza que não tem intenção de abolir o espaço Schengen – que permite a livre circulação de pessoas, serviços e mercadorias dentro do bloco –, mas é a favor de proteger as fronteiras.
Entre as propostas do candidato, está a dissolução do Parlamento caso a maioria não seja favorável a suas medidas contra a imigração clandestina. Em 2015, Viena recebeu cerca de 90 mil pedidos de asilo. O governo austríaco decidiu limitar o número de refugiados a 37.500. Para barrar imigrantes, a Áustria está construindo uma barreira em sua fronteira com a Itália.
Possíveis sanções
Qualquer país da UE pode receber sanções ou ser suspenso caso desrespeite os direitos fundamentais do bloco. Vale lembrar que a União Europeia impôs sanções diplomáticas à Áustria em 2000 para forçar o mesmo Partido Liberal (FPÖ), liderado na época por Jörg Haider, a sair do recém-formado governo de coalizão.
Haider era um político populista da extrema-direita que levou o país ao isolamento internacional ao formar uma coalizão de governo com o conservador Partido Popular (ÖVP). Poucos anos mais tarde, em 2008, Haider morreu em um acidente de carro. Mas a extrema-direita austríaca nunca saiu de cena. Ao contrário, ao longo dos últimos anos, vem crescendo silenciosamente, atraindo cada vez mais eleitores.
Extrema-direita em outros países
A possível chegada ao poder da extrema-direita na Áustria não é um fenômeno isolado na Europa. Os políticos que difundem ideias xenófobas, anti-imigração e anti-islamitas tem ganhado terreno e se beneficiado da crise dos refugiados. Um dos exemplos mais contundentes vem da França. Segundo pesquisa recente, a líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, é a candidata preferida dos jovens franceses para as eleições de 2017.
O principal partido de direita alemão, o Alternativa para a Alemanha (AfD) avança a passos largos. O Partido de Independência do Reino Unido (UKIP), o Partido do Povo Dinamarquês e os Democratas da Suécia também obtiveram ganhos significativos ultimamente. A guinada à direita na Polônia com a vitória do Partido Lei e Justiça (PiS) fez a UE abrir, pela primeira vez, processo para proteger Estado de direito no país.
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