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Seis meses após os atentados, Paris ainda não é a mesma

Há seis meses Mohamed Amghar não dorme. Ele trabalhava na bilheteria do Stade de France no fatídico 13 de novembro, dia que Paris foi alvo do mais chocante ataque ocorrido na França desde a Segunda Guerra Mundial. Nesta sexta-feira (13), completam-se seis meses dos atentados que deixaram 130 mortos e centenas de feridos em Paris.

"Em nome de que?" pergunta o cartaz. Seis meses após os atentados, ainda nao se tem resposta.
"Em nome de que?" pergunta o cartaz. Seis meses após os atentados, ainda nao se tem resposta. REUTERS/Pascal Rossignol
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Amghar não conseguiu retomar a vida desde então. Sem conseguir dormir e com pânico de qualquer tipo de aglomeração, ele tem acompanhamento psicológico semanal. Ele contou, em entrevista à RFI, que seus ferimentos cicatrizaram, mas seu cérebro permanece em alerta constante e com medo. “Eu me pergunto se algum dia vou conseguir voltar a trabalhar”, afirma.

Foi no local de trabalho de Amghar que os terroristas realizaram o primeiro dos três ataques a Paris naquela noite. A seleção francesa de futebol jogava contra a equipe alemã no Stade de France e, por volta das 21h20, em frente ao estádio, um primeiro kamikaze ativou seu cinturão de explosivos, seguido de um segundo terrorista. Uma pessoa morreu.

O terror só estava começando naquela noite de sexta-feira. Nos 10° e 11° distritos de Paris, três homens circulam armados atirando contra pessoas a esmo, que estavam em bares e restaurantes da região. Um dos terroristas, Brahim Abdeslam, se explodiu em frente a um café. Resultado: 39 mortos.

Por volta das 21h40, um terceiro ataque, e o mais mortal, acontece na casa de shows Bataclan. Três terroristas realizam o ataque ao lugar e deixam 90 pessoas mortas.

As investigações para apontar os culpados seguem sendo realizadas. O depoimento de Salah Abdeslam, único entre os participantes dos atentados ainda vivo e que foi preso em Bruxelas no mês de março, é bastante esperado. No próximo dia 20, ele falará pela segunda vez com a justiça francesa. Na primeira audição, ele se limitou a dizer que “iria se explicar posteriormente”.

Efeitos comerciais dos atentados

Seis meses após os ataques, o turismo em Paris ainda não se recuperou. A hotelaria parisiense ainda não conseguiu levantar a cabeça, golpeada em janeiro e em novembro de 2015 pelos ataques terroristas. Abril "foi o pior mês" desde os ataques de novembro, afirmou a consultora MKG, especializada no setor.
“Existe um desinteresse dos clientes que vinham por lazer e dos estrangeiros, que preferem o sul da Europa", explicou Vanguelis Panayotis, diretor de desenvolvimento da MKG.

Em abril, a taxa de ocupação hoteleira caiu 11 pontos, chegando a 70,4% em comparação com os 81,4% de um ano atrás. Para compensar, os hotéis baixaram os preços e no final do faturamento registraram uma queda de 19,6%, segundo o indicador RevPar, que mede o rendimento financeiro de um hotel. "Há pelo menos 15 anos que não tínhamos uma queda tão brusca em Paris”, assegurou Panayotis.

O número de clientes nos restaurantes também baixou, sobretudo à noite. "Há menos clientes e, a partir das dez da noite, Paris se transforma em uma cidade-fantasma", lamenta Roland Héguy, presidente da União de Negócios e Indústrias de Hotelaria (UMIH).

As lojas de luxo também têm sentido o golpe, sobretudo pela baixa presença de clientes asiáticos. O grupo LVMH registrou uma estagnação nas vendas de artigos de couro. Nas lojas de departamento do bulevar Haussmann também se percebe o impacto. Nem as Galerias Lafayette, nem a rede Printemps quiseram se manifestar a respeito, mas uma fonte do setor assinalou que as vendas não têm retornado até agora ao nível de antes dos atentados de novembro.

"Os clientes estrangeiros, como os japoneses, que são os principais compradores nas lojas de departamento, não retornaram", afirmou a fonte, apontando que a clientela francesa, afetada pela crise econômica, não está compensando a queda.

No setor de entretenimento, as casas de shows têm conseguido preencher a capacidade, depois de um breve período de queda, mas o teatro tem sofrido baixas, ainda mais pela diminuição das obras dirigidas ao público jovem, devido à redução das excursões escolares.

O Museu d'Orsay registrou uma queda dos visitantes em 8% desde o início de 2016. O Louvre, sem dar números, afirmou que a quantidade de pessoas "começou a subir depois do fim de semana da Páscoa", mas segue abaixo dos números habituais.

(Com informações da AFP)
 

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