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Linha Direta

Itália é abalada por escândalo similar ao Petrolão

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Telefones grampeados, divulgação de conversas de um político, suspeitas de corrupção e irregularidades na extração de petróleo. Apesar das semelhanças com a operação Lava Jato, esse é um escândalo que está sacudindo a Itália.O caso veio à tona a poucos dias do referendo do dia 17 de abril, quando os italianos vão votar sobre a exploração de poços de petróleo na costa do país.

Federica Guidi deixou o ministério do Desenvolvimento Econômico devido ao "Petrolão à italiana".
Federica Guidi deixou o ministério do Desenvolvimento Econômico devido ao "Petrolão à italiana". ANDREAS SOLARO / AFP
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Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

O "Petrolão à italiana" surgiu no fim de março, quando foram divulgadas as gravações das conversas telefônicas de Federica Guidi, na época ministra do Desenvolvimento Econômico, com seu namorado, o empresário Gianluca Gemelli. Ele estava sendo investigado por corrupção nos contratos para o tratamento de resíduos tóxicos derivados do petróleo.

Em um telefonema, a então ministra prometia ao namorado agir politicamente para favorecer a petroleira francesa Total na Itália, com a qual Gemelli pretendia obter contratos. Segundo a acusação, o empresário estava interessado em desbloquear na região da Basilicata, no sul da Itália. O projeto de extração de petróleo Tempa Rossa da Total possibilitaria suas empresas ganhar cerca de € 2,5 milhões em prestação de serviços.

O escândalo de conflito de interesse, chamado também de tráfico de influência, provocou a renúncia da ministra Guidi. Nesta quinta-feira (7), ela prestou depoimento aos procuradores de Potenza e disse que foi a "parte prejudicada". As investigações já levaram seis pessoas a prisão.

Consequências do escândalo para o governo

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, disse que o projeto Tempa Rossa, uma reserva petróleo situada na província de Potenza, é um investimento fundamental porque cria empregos no sul do país. Ele assumiu a responsabilidade da emenda na Lei de Estabilidade de 2015, que simplificava a implantação deste projeto da Total, alegando que se tratava de um interesse nacional.

O caso gerou uma moção de desconfiança da oposição contra o governo de Matteo Renzi, que será votada no próximo 19 de abril. A oposição contesta o primeiro-ministro, afirmando que o petróleo extraído será destinado ao exterior, portanto não é um interesse nacional. Segundo os opositores, o projeto também desapropria terrenos agrícolas provocando desemprego além do perigo de danos ambientais.

Referendo sobre a exploração do petróleo italiano

O escândalo acontece próximo ao referendo do dia 17 de abril sobre a exploração de poços de petróleo na costa do país. As divulgações das ligações grampeadas foram feitas pelos procuradores e, supostamente, estariam desvinculadas da data da consulta popular. Se foi coincidência ou não, é difícil provar.

O referendo decidirá sobre o prazo para as empresas explorarem poços de petróleo situados a menos de 12 milhas da costa do país. Se os italianos votarem “sim”, estarão dizendo que os poços de petróleo devem ter um prazo de exploração definido pelo contrato, por exemplo 10 anos. Se votarem “não”, significa que preferem manter a lei atual, que prevê que as concessões durem por toda vida útil da reserva petrolífera.

Matteo Renzi declarou que os italianos não devem ir votar porque ele não quer que o referendo mude a lei atual. A sugestão do premiê foi criticada por membros do seu próprio partido, porque, dizem eles, votar é um exercício da democracia.

Uma coisa é certa: o escândalo chamou a atenção para um referendo que poderia passar indiferente para a maioria dos italianos. Além disso, o sucesso da consulta pode influenciar o voto de desconfiança no Parlamento, que está marcado para dois dias depois.

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