Azerbaijão e Armênia retomam combates na fronteira entre os dois países
O governo do Azerbaijão anunciou neste domingo (3) que interrompeu suas operações contra os separatistas armênios da região do Alto-Karabakh após dois dias de combates que deixaram dezenas de mortos. O conflito preocupada a comunidade internacional.
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"Depois de ter levado em consideração os apelos das organizações internacionais, o Azerbaijão decidiu cessar unilateralmente sua resposta militar e vai consolidar seus ganhos territoriais", declarou o ministério da Defesa do país, segundo a agência russa RIA.
Segundo os responsáveis de Alto-Karabakh, os confrontos não cessaram. Um porta-voz dos separatistas, citado pela agência russa Interfax, afirmou que as hostilidades continuam.
"Nas últimas 24 horas, o Azerbaijão declarou por duas vezes a interrupção das hostilidades, mas a realidade e a situação atual é que nenhuma medida prática não foi adotada pela parte deles", acrescentou o porta-voz.
O enclave de Alto-Karabakh é controlado por uma administração apoiada militarmente e financeiramente pelo governo armênio desde o conflito separatista de 1991, que deixou mais de 30 mil mortos. A situação, ainda tensa mesmo com o cessar-fogo concluído em 1994, se deteriorou há várias semanas e os dois lados do conflito se acusam mutuamente pela retomada das hostilidades.
O ministério da Defesa do Azerbaijão declarou que suas tropas destruíram dez tanques atribuídos aos separatistas e mataram vários combatentes inimigos durante os combates durante a noite. O exército de Alto-Karabakh minimiza suas perdas e afirma ter destruído 14 tanques e cinco carros blindados do Azerbaijão nas últimas 24 horas.
Segundo as forças locais, o exército do Azerbaijão lançou uma ofensiva por volta das 6h, pelo horário local.
Discussões
O embaixador do país em Moscou, Polad Bulbuloglu, disse que o Azerbaijão está pronto para iniciar discussões com a Armênia, mas exige a retirada dos efetivos militares do país que ocupariam, segundo ele, 21% da região de Alto-Karabakh.
No entanto, se a via pacífica não for adotada para resolver o problema, o embaixador diz que os confrontos militares vão continuar.
O ministério da Defesa disse no sábado que os combates deixaram uma centena de mortos do lado armênio e 12 mortos entre as forças governamentais. O presidente armênio Serj Saksian afirmou que foram 18 mortos e 35 feridos. Nenhum balanço foi feito neste domingo.
A Rússia, mediadora do conflito, mantém uma presença militar no norte da Armênia. O presidente Vladimir Putin fez um apelo para as duas partes do conflito "mostrarem moderação e evitarem novas perdas".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon pediu que todas as partes envolvidas parem imediatamente os combates, a respeitar plenamente o acordo de cessar-fogo e adotar medidas urgentes para melhorar a situação".
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