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Bélgica/França

Vazamento da imprensa teria prejudicado captura de Abdeslam, diz polícia

A operação policial que resultou na sexta-feira (18) na prisão do terrorista francês Salah Abdeslam, que foi durante quatro meses o homem mais procurado da Europa, abriu uma controvérsia entre a polícia belga e a imprensa francesa.

Policias no bairro de Molenbeek, onde Salah Abdeslam foi preso no dia 18 de março de 2016..
Policias no bairro de Molenbeek, onde Salah Abdeslam foi preso no dia 18 de março de 2016.. REUTERS/Francois Lenoir
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Em entrevista à RFI, o diretor da polícia judiciária belga, Claude Fontaine, acusou a revista semanal francesa L'Obs de ter precipitado a ação, ao vazar uma informação sigilosa das investigações, e com isso ter colocado a vida de centenas de pessoas em perigo.

Na última sexta-feira, a L'Obs revelou em sua versão eletrônica que impressões digitais do terrorista envolvido nos atentados de Paris, então foragido, tinham sido encontradas em um apartamento vistoriado pela polícia três dias mais cedo na localidade de Forest, um subúrbio de Bruxelas. Nesta batida, os investigadores não encontraram ninguém no local, mas se deram conta que estavam no rastro de Abdeslam.

Com os indícios extraídos no apartamento, os policiais realizaram perquisições durante 72 horas ininterruptas em imóveis da região metropolitana de Bruxelas. Na quarta-feira, um suspeito morreu e quatro policiais ficaram feridos em uma troca de tiros com a polícia.

Vazamento precipita ação policial

Com o vazamento na L'Obs na manhã de sexta, os belgas decidiram deflagar o cerco a Abdeslam, mas sem prevenir ou evacuar a vizinhança. Dezenas de homens das forças especiais belgas e francesas desembarcaram em um endereço no bairro de Molenbeek, onde o terrorista sempre morou. A batida aconteceu às 16h30, "o pior horário", na avaliação do diretor da polícia judiciária. "Evitamos o pior", disse Claude Fontaine, "ainda mais porque havia uma escola ao lado do prédio" onde ele estava escondido. O policial afirmou que o plano era invadir o esconderijo na madrugada do sábado, sem colocar em risco a população. Houve troca de tiros durante a ação. Abdeslam foi ferido na perna e acabou se rendendo à polícia.

Fontaine chamou de "irresponsável" o vazamento da L'Obs. "Em nome da audiência, a segurança dos policiais e da população foi colocada em risco", afirmou. "Se a imprensa acaba afugentando as pessoas que queremos deter, não adianta reclamar depois que somos incapazes de prendê-los", argumentou.

Revista defende solidez das fontes e rebate críticas

A revista francesa rebate as críticas. O jornalista Matthieu Croissandeau, que revelou as digitais de Abdeslam, afirma que checou a informação com várias fontes, e só então decidiu publicá-la. Também destaca que advertir a população de Bruxelas de que o suspeito estava na área lhe pareceu "primordial".

No texto, o jornalista não diz que a polícia estava em seu rastro. Isto ele já sabia, argumenta o jornalista. Segundo a L'Obs, quando a polícia pede à publicação para manter uma informação em sigilo para não prejudicar as investigações, a solicitação é respeitada. E a polícia belga não agiu nesse sentido. "O trabalho da polícia é prender criminosos, garantir o bom andamento das investigações e sua confidencialidade", avalia o jornalista. "A obrigação da imprensa é oferecer informações sólidas aos leitores, checadas e dignas de interesse", conclui Croissandeau.

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