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Ong diz que medo de atentados e refugiados gerou retrocesso na Europa

Em seu relatório anual, divulgado nesta quarta-feira (27), a Ong Human Rights Watch (HRW) traz uma grave conclusão: a Europa retrocede nos direitos humanos após os atentados terroristas e do grande número de migrantes que o continente recebeu em 2015. O "World Report 2016" da instituição tem 659 páginas e revisa as práticas em direitos humanos em mais de 90 países.

Relatório da Ong Humans Right Watch cita medidas de segurança adotadas durante o estado de emerência na França, depois dos atentados de 13 de novembro.
Relatório da Ong Humans Right Watch cita medidas de segurança adotadas durante o estado de emerência na França, depois dos atentados de 13 de novembro. REUTERS/Jacky Naegelen
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O principal assunto do relatório deste ano é a crise dos refugiados na Europa e as diferentes medidas adotadas por seus países para enfrentar o fluxo de pessoas mais importante desde a Segunda Guerra Mundial e os atentados terroristas registrados na França em 2015.

"O medo de ataques terroristas e os fluxos maciços de refugiados estão levando muitos governos do Ocidente a retroceder na proteção dos direitos humanos", afirmou o diretor da HRW, Kenneth Roth, em um comunicado. Os dois principais acontecimentos de 2015 na Europa também também provocaram um aumento da islamofobia no Velho Continente, reitera Roth.

Entre as medidas adotadas na Europa, a Ong menciona a lei aprovada na França após os atentados de Paris que prolongou o estado de emergência, ampliou a prisão domiciliar a qualquer pessoa sobre a qual existam razões sérias para pensar que seu comportamento constitui uma ameaça para a segurança e a ordem pública, e simplificou as operações policiais sem autorização judicial.

"Em vários ataques recentes na Europa, os responsáveis eram conhecidos dos serviços policiais, mas a polícia estava muito sobrecarregada para acompanhar o tema, o que sugere que não são necessários mais dados, e sim mais capacidade para seguir alvos", destaca o relatório.

"Os agressores de Paris eram em sua maioria cidadãos belgas e franceses", diz documento

A preocupação da Europa sobre os novos refugiados como ameaça terrorista "é uma distração perigosa em relação ao seu próprio extremismo violento, já que os agressores de Paris eram em sua maioria cidadãos belgas e franceses", acrescenta, em referência à crescente discriminação contra os muçulmanos. A HRW também lembra que a "exclusão social" nos subúrbios europeus é uma das razões de radicalização entre os jovens.

Mas a organização observa que essa situação não ocorre apenas no Velho Continente. Nos Estados Unidos, também existe uma "islamofobia flagrante e uma demonização sem-vergonha dos refugiados". O candidato presidencial republicano Donald Trump, que lidera as pesquisas dentro de seu partido para as primárias, propôs, por exemplo, proibir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos.

Segundo Roth, ao converter os refugiados em "bodes expiatórios", os países ocidentais correm o risco de se afastar de "comunidades cruciais em seus esforços antiterroristas" e se afastar do direito humanitário internacional, advertiu Roth. "O efeito de deixar aos demandantes de asilo poucas alternativas a não ser arriscar sua vida em um bote no mar para chegar à Europa criou uma situação caótica que aspirantes a terroristas podem explorar facilmente", indica.

Rússia, China e Turquia são citados no documento

Ao retrocesso visível dos direitos humanos nos países ocidentais se soma a sombra invisível em países como Rússia e China, entre os "piores infratores" no tema, de acordo com a HRW. "Uma repressão desta intensidade - incluindo o silenciamento de grupos críticos na Rússia e a detenção de ativistas e advogados de direitos humanos na China - não era vista em décadas", diz o relatório, que também critica o partido no poder na Turquia por medidas similares.

(Com informações da AFP)

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