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Molenbeek é berço do terrorismo desde atentados de 11 de setembro

O bairro de Molenbeek, na Bélgica, vinha sendo apontado como o principal local de passagem dos terroristas que atuaram nos últimos anos na Europa. Documentos revelados pela imprensa francesa esta semana confirmam que a localidade esteve no centro dos atentados de novembro de 2015 em Paris.

Estigmatizados, moradores de Molenbeek fazem homenagem às vítimas dos atentados de Paris.
Estigmatizados, moradores de Molenbeek fazem homenagem às vítimas dos atentados de Paris. REUTERS/Yves Herman
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Segundo documentos consultados pelo jornal Le Monde, os atentados de 13 de novembro em Paris, que deixaram 130 mortos e mais de 350 feridos, foram coordenados a partir da Bélgica em tempo real. Em reportagem divulgada na edição que chegou às bancas na tarde desta quarta-feira (30), o vespertino retraça a trajetória dos terroristas e confirma que os autores dos ataques eram guiados por meio de telefones celulares belgas. Os investigadores consideram a hipótese de que “pelo menos um homem, que ainda não foi identificado, liderava as operações a partir da periferia de Bruxelas”, explica Le Monde.

A reportagem chama novamente a atenção para o bairro belga de Molenbeek, onde moraram ou por onde passaram vários autores de atentados jihadistas. Além dos responsáveis pelos ataques de Paris, foi nessa localidade que a polícia encontrou Mehdi Nemmouche, suspeito de ter assassinado quatro pessoas em maio de 2014 no museu judeu de Bruxelas. Foi na mesma vizinhança que Amedy Coulibaly, que matou uma policial e quatro reféns em um supermercado judeu em Paris em janeiro de 2015, comprou suas armas, assim como Ayoub El Khazzani, o homem que abriu fogo dentro de um trem Thalys entre Amsterdã e Paris em agosto passado.

Mas o histórico de ligações com o extremismo no bairro da periferia belga é bem mais antigo. Hassan El Haski, condenado por ter sido um dos idealizadores dos atentados de Madri, que deixaram 191 mortos em 1800 feridos em 2004, também morou na periferia belga. Até mesmo Dahmane Abd el-Sattar e Rachid Bouraoui el-Ouaer, autores do assassinato do comandante Massoud no Afeganistão, em 2001, às vésperas dos atentados contra os Estados Unidos, moraram em Molenbeek, assim como o ex-jogador de futebol Nizar Trabelsi, preso quando se preparava para atacar a embaixada norte-americana em Paris, dois dias após a queda das Torres Gêmeas em Nova York.

Bairro já é chamado de Molenbeekistão

Molenbeek é uma área popular na periferia de Bruxelas onde moram 96 mil pessoas. O bairro, que passou a ser chamado por alguns de Molenbeekistão, em referência ao Paquistão, país conhecido pela sua concentração de pessoas envolvidas com terrorismo, é composto por uma população de maioria belga, descendente de imigrantes e muçulmanos. E mesmo se os moradores se sentem estigmatizados, até mesmo as autoridades europeias já aceitaram o fato de que ativistas radicais islâmicos passam por lá. “Eu constato que há quase sempre uma ligação com Molenbeek. Nos últimos meses, várias iniciativas já foram tomadas na luta contra a radicalização, mas é preciso mais repressão”, declarou o primeiro-ministro belga, Charles Michel, após os ataques de Paris.

Segundo os cálculos das autoridades locais, foi do bairro que saíram um terço dos 150 jihadistas que deixaram o país para combater na Síria nos últimos anos. Logo após os atentados de Paris, o ministro belga do Interior, Jan Jambon, afirmou que Molenbeek estava fora de controle por abrigar várias células terroristas e prometeu “fazer uma limpeza na área”.
 

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