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Poluição atinge índices alarmantes em cidades italianas

Várias cidades italianas restringiram a circulação de automóveis esta semana para combater um episódio excepcional de poluição de partículas finas. O radicalismo das medidas tem, no entanto, um impacto limitado neste período de férias.

Milão: rodízio de placas deixa ruas vazias, mas o período é de festas...
Milão: rodízio de placas deixa ruas vazias, mas o período é de festas... MARCO BERTORELLO / AFP
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Em Milão e em Pavia (norte da Itália), a circulação de carros particulares foi interditada de 10h às 16h até quarta-feira (30), um horário que não impede que os que trabalham utilizem os seus automóveis, mas visa, sobretudo, a dissuadir os outros.

“Agora de manhã as ruas estão desertas, mas não é por causa da interdição de circulação. Será que eu sou o único que vai trabalhar?”, brincou um milanês no seu Twitter.

Em Roma, pela terceira vez desde o início de dezembro, a circulação está interditada das 7h30 às 12h30 e das 16h30 às 20h30 aos automóveis com placas de final ímpar nas segundas-feiras e pares nas terças-feiras. Um rodízio semelhante está sendo implantada na cidade de Bergamo no norte da Itália.

A maior parte dessas cidades instaurou, ainda, uma tarifa única de € 1,50 para estimular os motoristas a utilizarem o transporte público.

Nível de poluição dobrou em dezembro

Na falta de chuva e de vento há várias semanas, a poluição de partículas finas ultrapassa, em várias regiões da Itália, o nível de alerta de 50mg/metro cúbico recomendado pela Organização Mundial de Saúde.

Em meados de dezembro, o nível de poluição atingiu 102mg/metro cúbico em Milão, que, nesta segunda-feira (28), viveu o seu 97º dia acima dos limites recomendados, e 32º dia consecutivo, no ano de 2015.

A interdição da circulação “é uma resposta a uma urgência excepcional”, explicou o prefeito de Milão, Giuliano Pisapia, para o jornal La Repubblica. Das 10h às 16h “a interdição não bloqueia a cidade, mas, ainda assim, é um forte instrumento de dissuasão”.

De uma maneira mais durável, lembra o prefeito, a cidade já adotou várias medidas para restringir a circulação de automóveis: incentivo aos carros compartilhados, de preferência elétricos, melhoria dos transportes públicos, com o projeto de construção de uma quinta linha de metrô.

Falta de controle

Perante a urgência em várias partes do país, o ministro do Meio-Ambiente, Gian Luca Galletti, convocou para quarta-feira (30) uma reunião dos presidentes das regiões e prefeitos das principais cidades para tentar coordenar as medidas adotadas.

Segundo o último relatório da Agência Europeia para o Meio-Ambiente, publicado no outono, as partículas finas provocaram 59.500 mortes prematuras na Itália no ano de 2012, um recorde em toda a Europa.

“Eu não quero impor medidas de cima para baixo”, explicou o ministro Galletti ao jornal La Stampa. “Eu convoquei todos para avaliar as intervenções já colocadas em prática (...). Precisamos ampliar e compartilhar as medidas que se revelam mais eficazes”.

O fracasso do rodízio em Roma

Além de não ter praticamente impacto algum nesses dias de festa, quando muitas pessoas deixaram as grandes cidades, é justamente a eficácia das medidas adotadas que está criando polêmica, sobretudo o rodízio.

Com o objetivo de reduzir o tráfego em 20%, uma vez que a alternância das placas não se aplica ao dia inteiro e prevê numerosas exceções, a medida se revelou um fracasso nessas últimas semanas em Roma, onde a falta de fiscalização favoreceu os transgressores. Nesta segunda-feira (28) o prefeito de Roma reagiu, anunciando que 150 patrulhas farão a fiscalização do tráfego durante o dia.

Ao mesmo tempo, várias municipalidades limitaram a 18 graus Celsius o aquecimento nas repartições públicas e residências. A fiscalização, no entanto, ainda é hipotética. A Associação de Administradoras de Imóveis lembra que a interdição pode ser contraproducente, uma vez que muitas pessoas poderão utilizar aquecedores indivuduais.

Já a Associação de Consumidores Codacons denunciou as "meias medidas", repetindo que, antes de tudo, é necessário fazer propostas alternativas aos automóveis.

“Se houvesse em Roma um serviço de transporte público capilar, pontual e comparável àqueles de outras cidades europeias, o número de automóveis em circulação seria automaticamente reduzido todos os anos”, garantiu a associação.

Enquanto isso, as previsões meteorológicas anunciam ventos frios para o fim desta semana, devendo ser, por ora, o que há de mais eficiente para dispersar as partículas nefastas.
 

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