O que muda no novo governo de Alexis Tsipras na Grécia
O novo governo do recém-reeleito premiê grego Alexis Tsipras prestou juramento nesta quarta-feira (23) e seu primeiro desafio será aplicar um árduo pacote de reformas exigidas pelos credores internacionais em troca de um resgate financeiro de € 86 bilhões. De volta ao poder, o primeiro-ministro reiterou sua determinação em aplicar as medidas para começar a negociar em novembro uma redução da dívida, que equivale a 170% do PIB do país.
Publicado em:
"A prioridade é cumprir as obrigações do acordo, das quais cerca de 60% já foram cumpridas", resumiu nesta quarta-feira o novo ministro adjunto das Finanaças, Yorgos Chuliarakis. Ele espera que a renegociação da dívida seja tratada já ao término do primeiro exame do cumprimento do acordo assinado com os credores (Fundo Monetário Internacional e União Europeia).
"Há infinitas possibilidades de reduzir o impacto negativo do acordo", estimou o ministro de Estado Alekos Flamburaris. Neste sentido, a primeira missão do novo governo será restabelecer as finanças e a economia do país, abaladas por seis anos de crises e medidas de austeridade ineficientes. "Nosso objetivo é a reativação e a reconstrução", declarou na quarta-feira o vice-primeiro ministro Yannis Dragasakis.
Novo governo, velhos governantes
Se os objetivos da adminsitração são os mesmos do governo anterior, as pessoas que os aplicam também praticamente não mudam. A única surpresa foi a designação de Dimitris Kammenos para o ministério da Infraestrutura e Transporte. O independente de direita Kammenos ficou famoso por declarações homofóbicas e antissemitas.
Fora isso, não há substituições: Euclides Tsakalotos se mantém à frente das Finanças, cargo que ocupou depois que Yannis Varoufakis deixou o governo. Panos Kammenos, líder do pequeno partido de direita soberanista ANEL e aliado de Tsipras, mantém o ministério da Defesa, assim como Nikos Kotzias, que continuará responsável pela pasta das Relações Exteriores.
Crise migratória
Um dos postos mais sensíveis, o ministério da Imigração, continua a cargo de Ioannis Muzalas, que demonstrou grande eficiência durante o mês em que esteve interinamente à frente da pasta. A questão migratória é tão delicada que, logo depois dos juramentos, Tsipras embarcou para Bruxelas para participar de uma cúpula de emergência da União Europeia sobre a crise. Na véspera, os ministros do Interior haviam aprovado um acordo sobre a distribuição de 120 mil refugiados entre os países do bloco.
Ao lado da Itália, a Grécia é o principal ponto de entrada de migrantes, principalmente sírios, na União Europeia. Somente neste ano, cerca de 300 mil pessoas entraram no territórigo grego. No domingo, Tsipras pediu que o bloco compartilhe a responsabilidade na gestão da crise.
Nova eleição
Alexis Tsipras deixou o governo depois que parte da ala mais à esquerda do Syriza começou a abandonar a base. Esses deputados estavam insatisfeitos com o fato de o governo, depois de ver rejeitado por referendo o acordo com os credores, ter aceito um pacote de austeridade tido como humilhante. Um quarto dos representantes do Syriza havia votado contra o plano.
Com um pacote impopular para empurrar à população e a maioria parlamentar seriamente comprometida, o primeiro-ministro optou por dissolver o governo em 20 de agosto para tentar reconstituir a base em eleições legislativas antecipadas.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro