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Europa/ imigração

Refugiados: tensão sobe entre Áustria e Hungria após referência a nazismo

O chanceler austríaco Werner Faymann criticou abertamente o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, comparando o tratamento dado aos refugiados que transitam pela Hungria com o período do nazismo. Em resposta, o governo húngaro convocou o embaixador austríaco em Budapeste, em sinal de reprovação aos comentários.

Chanceler austríaco, Werner Faymann, comparou governo húngaro a nazismo.
Chanceler austríaco, Werner Faymann, comparou governo húngaro a nazismo.
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"Fechar um monte de refugiados nos trens com a esperança de que vão para muito longe desperta a recordação do período mais sombrio de nosso continente", afirmou Faymann à revista alemã Der Spiegel. "Viktor Orban se comporta de maneira irresponsável ao considerar todos os refugiados como se fossem migrantes econômicos. Realiza deliberadamente uma política de dissuasão", afirmou chanceler.

Segundo Orban, os refugiados sírios que chegam em massa à Europa e passam pela Hungria "não vêm de zonas de guerra, e sim de acampamentos situados na fronteira, onde estariam seguros". Após a divulgação dos comentários de Faymann, a Hungria convocou o embaixador austríaco para dar explicações.

O ministro húngaro das Relações Exteriores, Peter Szijjarto, declarou à agência nacional de imprensa MTI que as afirmações são “indignas de um dirigente europeu do século 21”. Para Szijjarto, o chanceler Faymann promove “uma campanha mentirosa” sobre a Hungria há semanas, o que, segundo ele, dificulta uma solução para a crise migratória que a Europa enfrenta. “As declarações irresponsáveis iludem e alimentam sonhos injustificados nos migrantes econômicos”, afirmou.

Em diversas ocasiões, o premiê Orban defendeu que os refugiados não vão para a Europa em busca de segurança, mas sim “porque querem uma vida melhor do que levavam nos campos", disse nesta sexta-feira, ao jornal alemão Bild. "Querem uma vida alemã, talvez uma vida sueca."

Vídeo polêmico

O governo da Hungria, que tem sido muito criticado por sua atitude em relação à crise, defendeu ontem o tratamento dado pela polícia de seu país contra o que chamou de "migrantes rebeldes", mas se negou a comentar um vídeo que mostra as más condições refugiados vivem em um acampamento. "Eles não querem cooperar com as autoridades. Na realidade, eles se rebelaram contra a lei húngara", declarou Orban.

O vídeo, feito com uma câmera escondida por uma voluntária austríaca no campo de Roszke, mostra 150 migrantes dentro de um cercado em um grande salão. Eles tentam desesperadamente pegar os sanduíches lançados por policiais húngaros, que usam capacetes e máscaras. Entre a multidão, estão mulheres e crianças.

Aumento da segurança

O governo conservador húngaro concluiu em agosto uma cerca de arame ao longo da fronteira de 175 km com a Sérvia, mas isso não parece representar um obstáculo para a chegada dos migrantes. Uma nova barreira, de quatro metros de altura, está sendo construída e deve ser concluída no fim de outubro ou início de novembro. Budapeste anunciou nesta sexta-feira que mobilizará até 3.800 soldados para reforçar a barreira anti-imigrantes na fronteira com a Sérvia.

Até agora, cerca de 180.000 pessoas entraram ilegalmente na Hungria neste ano – mas apenas uma minoria fica de fato do país. Em geral, os migrantes querem seguir viagem rumo à Alemanha. Somente neste sábado, as autoridades afirmam que mais 4,3 mil ilegais ingressaram nas fronteiras húngaras.
 

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