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Europa/Migração

Comissão Europeia deve distribuir 120 mil migrantes entre países do bloco

Às vésperas de uma decisão da Comissão Europeia que pode distribuir 120 mil migrantes entre os membros do bloco, os países da Europa continuam lidando cada um a sua maneira com a maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial. Segundo o plano, que deveria ser apresentado apenas na quarta-feira, mas vazou para a AFP, a Alemanha teria que acolher 31 mil pessoas, a França, 24 mil e a Espanha, quase 15 mil.

Migrantes aguardam na cidade húngara de Roszker
Migrantes aguardam na cidade húngara de Roszker REUTERS/Laszlo Balogh
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A Alemanha, que tomou a dianteira no acolhimento dos potenciais refugiados e espera 800 mil pedidos de asilo até o fim do ano, pede que o bloco tenha a coragem de abirr mais as suas portas. Para a chanceler alemã Angela Merkel, a repartição desses primeiros 120 mil em cotas é um "primeiro passo". Seu vice, o social-democrata Sigmar Gabriel, estima que, só a Alemanha, é capaz de receber anualmente 500 mil refugiados durante vários anos.

Ajuda relativa

Uma estimativa que deveria envergonhar a Inglaterra, por exemplo, que se dispôs a abrigar 20 mil pessoas em cinco anos - o mesmo número que a União Europeia deve encarregar à pequena ilha grega de Lesbos, um dos pontos emblemáticos da crise. Nesta terça-feira, a oposição trabalhista organizou um debate na Câmara para mostrar que o Reino Unido é capaz de fazer mais.

Quem também exige mais do governo de David Cameron é a prefeitura de Calais, cidade no norte da França onde mais de 3,5 mil migrantes vivem em condições precárias, enquanto tentam embarcar no Eurotúnel em direção à Inglaterra. A prefeita Natacha Bouchart exige que o controle dos imigrantes seja feito do outro lado do Canal da Mancha. Caso contrário, ela ameaça abrir as fronteiras.

A França também não foi muito mais ambiciosa, prometendo receber 24 mil refugiados durante os próximos dois anos. É pouco, se considerarmos que nos últimos três dias, 26 mil candidatos a asilo entraram somente na Alemanha. A Polônia manteve sua oposição à ideia das cotas de migrantes, mas admitiu ter capacidade de receber mais do que os 2 mil refugiados que havia anunciado anteriormente. A Espanha resolveu mudar de ideia e aceitou as cotas. Na Noruega, um bilionário dono de uma rede hoteleira disponibilizou cinco mil noites e refeições gratuitas para acolher migrantes em seus estabelecimentos.

Isso que o presidente do Conselho Europeu Donald Tusk chamou de "êxodo" deve continuar durante vários anos. E, portanto tentativas de fechar fronteiras como tem feito a Hungria e a Dinamarca serão ineficientes, para não dizer catastróficas.

Linha dura

Em um comunicado, a polícia dinamarquesa anunciou a deportação de 20 candidatos a refugiados que tentavam chegar em outros países do norte, cuja política de asilo é mais generosa, como a Suécia. "Como essas pessoas não queriam pedir asilo na Dinamarca, elas estavam aqui ilegalmente. Portanto, foram expulsas em direção à Alemanha e não podem voltar durante dois anos", disse o comunicado. Outras expulsões devem acontecer em breve.

Mas as propostas mais duras vêm da Hungria, governada pela extrema-direita. Hoje, o país viu um relance do caos que pode se instaurar a partir da semana que vem, quando entrar em vigor uma nova lei que, entre outras coisas, facilita o uso do exército em operações anti-imigração e estabelece pena de até três anos de prisão pela travessia ilegal das fronteiras. Depois de esperar por horas em Roszker por um transporte para um centro de acolhimento e registro, um grupo de homens, mulheres e crianças furou os bloqueio policial e correu pelos campos em direção a uma linha de trem para seguir para a Áustria e a Alemanha. Algumas pessoas foram contidas à força pela polícia.

A Áustria, aliás, fez exatamente o contrário: simplesmente deixou de controlar os trens vindos da Hungria e disponibilizou transportes excepcionais para levar os migrantes a Munique, no sul da Alemanha. Outro país que abriu mão do controle foi a Grécia, que permite que milhares de migrantes cruzem diariamente em direção à Macedônia. De lá, eles seguem para a Sérvia, a Hungria e a Áustria, antes de partir para a Alemanha. Mas a chegada sonhada à Alemanha também não é às mil maravilhas: faltam leitos nos centros de acolhimentos, não há apartamentos suficientes em cidades como Berlim e os hotéis se recusam a aceitar os refugiados.

Hoje, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon pediu mais solidariedade dos dirigentes europeus e anunciou que organizará uma reunião sobre o assunto no dia 30 de novembro em Nova York. Nos últimos dias, Ban telefonou para os chefes dos governos mais atingidos pela crise para reiterar que "a imensa maioria das pessoas que chegam à Europa são refugiados fugindo da guerra e da violência, que têm o direito de pedir asilo sem sofrer qualquer tipo de discriminação".
 

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