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Ucrânia/Protesto

Um policial morre e quase 90 ficam feridos em protesto diante do Parlamento da Ucrânia

Um membro da Guarda Nacional ucraniana morreu nesta segunda-feira (31) depois de ser baleado no coração durante confrontos entre a polícia e manifestantes diante do parlamento em Kiev. A informação foi confirmada pelo ministro do Interior, Arsen Avakov, pelo Facebook. Outros 90 membros das forças de segurança ficaram feridos.

Um grupo de manifestantes tentou invadir o parlamento ucraniano nesta segunda-feira.
Um grupo de manifestantes tentou invadir o parlamento ucraniano nesta segunda-feira. REUTERS/Valentyn Ogirenko
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Uma porta-voz da Guarda Nacional afirmou que o rapaz, que tinha 25 anos, "morreu na mesa de operação". O conselheiro ministerial Anton Geraschenko afirmou que os manifestantes, contrários a uma reforma constitucional que amplia a autonomia do leste pró-russo, estavam armados de revólveres e granadas.

De acordo com Avakov, vários explosivos foram detonados. Mais cedo, o serviço de imprensa da Guarda Nacional havia informado que 50 agentes haviam ficado feridos, quatro deles em estado grave. Pouco depois, o próprio ministro informou que "cerca de 90 pessoas ficaram feridas diante do Parlamento, várias delas estão em estado crítico".

A Guarda Nacional é subordinada ao ministério do Interior e a maioria de seus membros é de voluntários, que integraram as milícias de autodefesa da praça Maidan, o movimento pró-europeu que culminou na queda do governo pró-russo de Viktor Yanukovich, em fevereiro de 2014.

Maior autonomia

Apesar dos protestos, o Parlamento ucraniano aprovou em primeiro turno o projeto de reforma constitucional, exigida pelos ocidentais como parte do acordo de cessar-fogo assinado em Minsk, em fevereiro. Um total de 265 deputados - era necessário o mínimo de 226 - votaram a favor da emenda, que garante maior autonomia às regiões de Donetsk e Lugansk, controladas pelos rebeldes.

Em julho os deputados da Rada (câmara baixa do Parlamento ucraniano) já haviam votado projeto similar, encaminhado pelo presidente Petro Porochenko. Se o texto passar pelo conselho constitucional, ele ainda precisará dos votos de 300 dos 450 deputados para ser adotado.

Lei "anti-ucraniana"

Vários membros da coalizão no poder - incluindo a ex-primeira ministra Iúlia Timochenko - se opõem veemententemente a essa reforma, o que poderia significar um sério empecilho a sua adoção definitiva. Os opositores do texto acreditam que ele enfraquece a Ucrânia em sua luta contra os separatistas pró-russos. No front, o cessar-fogo é violado diariamente.

"A adoção desta lei permitirá que nossos parceiros ocidentais pressionem os russos para que eles apliquem os três elementos-chave do acordo de Minsk: o cessar-fogo, a retirada das forças russas do território e restabelecimento do controle fronteiriço", argumentou o parlamentar Makim Burbak, deputado da Frente Popular, partido do primeiro ministro Arseni Yatseniuk. Yuri Lutsenko, do partido do presidente, afirmou que a Ucrânia precisa "ajudar a coalizão internacional anti-Putin".

Mas os argumentos não convencem os céticos, que classificam a mudança de "anti-ucraniana". Para Timochenko, "a descentralização não é o caminho da paz, mas do abandono de uma parte do nosso território. Putin não precisa da bacia do Donbass, o que ele quer é a guerra na Ucrânia. Nosso papel é recolocar as negociações no bom caminho de forma a conquistar a paz e não a ilusão de paz".

Mais de 6,5 mil pessoas morreram desde o início do conflito no leste da Ucrânia em abril de 2014, depois que a Rússia anexou a Crimeia em resposta à derrubada de Yanukovich.
 

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