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França/Alemanha

Merkel e Hollande pedem uma resposta conjunta europeia à crise migratória

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, se reuniram nesta segunda-feira (24) em Berlim para buscar uma postura comum e solidária europeia à maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial. A reunião foi realizada à margem de um encontro já planejado sobre o aumento da violência na Ucrânia com o presidente do país, Petro Poroshenko. Merkel e Hollande realizaram declarações conjuntas.

Merkel e Hollande hoje em Berlim
Merkel e Hollande hoje em Berlim REUTERS/Axel Schmidt
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Os líderes da França e da Alemanha disseram buscar uma resposta unificada da Europa, assim como acelerar o estabelecimento de centros de recepção na Grécia e na Itália, dois países sobrecarregados pela crise, para ajudar a identificar os demandantes de asilo e os migrantes irregulares.

Nenhum desses centros foi instalado desde sua criação, decidida no fim de junho. "Não podemos tolerar tal atraso", ressaltou Merkel, defendendo que a medida seja concretizada este ano.

"Também devemos colocar em andamento um sistema unificado de direito ao asilo", assim como uma "política migratória comum com regras comuns" a todos, disse Hollande, evocando as normas de acolhida ou a definição de países seguros.

"Este é um dos momentos na história europeia em que enfrentamos uma situação excepcional, mas que vai durar" um certo tempo, concluiu Hollande, que também pediu "uma divisão igualitária dos refugiados com direito ao asilo" na Europa, "com um acompanhamento quanto à dignidade das pessoas que chegam de maneira ilegal", acrescentou.

Fluxo migratório sem precedentes

A União Europeia (UE) enfrenta um fluxo migratório sem precedentes de pessoas que fogem da guerra, da repressão e da pobreza. Segundo a agência europeia de fronteiras exteriores, Frontex, um número recorde de 107 mil pessoas estavam às portas do bloco no mês passado; Apenas na última semana, 20.800 chegaram à Grécia.

A quantidade sem precedentes de migrantes que tentavam cruzar a fronteira da Grécia com a Macedônia para continuar seu périplo em direção à Europa Ocidental levou Skopje a declarar estado de emergência na semana passada e a fechar as fronteiras por algumas horas antes de voltar a permitir a passagem no sábado.

A guarda costeira italiana resgatou 4.400 migrantes de 22 embarcações no mar Mediterrâneo apenas no sábado, um número considerado o mais alto para um único dia em anos. "Tem que haver um novo impulso para que seja aplicado o que já foi decidido", disse uma fonte da presidência francesa, em referência às decisões tomadas pela UE em junho, afirmando que elas não são suficientemente rápidas e não estão à altura das necessidades.

Sono profundo da Europa

Cada vez há mais vozes que exigem um enfoque conjunto para a crise, na qual não são registrados demandantes de asilo apenas de zonas em guerra como a Síria, mas também cidadãos de países em paz do sudeste europeu como Albânia, Sérvia ou Kosovo.

Em uma viagem na quinta-feira a Viena, Merkel se reunirá com líderes de países balcânicos para indagar por que "tantos milhares de pessoas chegam desses países", indicou seu porta-voz, Steffen Seibert.

A Alemanha estima que 800 mil demandantes de asilo chegarão ao seu território em 2015, enquanto os atos de violência atribuídos em geral à extrema-direita são cada vez mais frequentes. No fim de semana ocorreram confrontos na Saxônia, no leste do país, entre policiais e manifestantes de extrema-direita que protestavam contra a abertura de um centro de acolhida de refugiados.

A chanceler denunciou nesta segunda-feira esses atos "horríveis" e disse não tolerar que os refugiados sejam recebidos na Alemanha por "bêbados barulhentos".

O ministro italiano das Relações Exteriores, Paolo Gentiloni, havia advertido que o agravamento da crise poderia representar uma ameaça para a alma da Europa, considerando, em palavras ao Il Messaggero, que "a Europa corre o risco de mostrar seu pior lado: egoísmo, decisões aleatórias e brigas entre Estados-membros".

"A Europa está de alguma forma em um sono profundo e segue no 'modo férias'", declarou o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, na televisão pública alemã no domingo.

Comboios russos na Ucrânia

Além da crise migratória, Merkel e Hollande discutirão nesta segunda-feira outro tema que afeta a parte leste do continente: o conflito da Ucrânia. Horas antes do encontro com Poroshenko, o líder ucraniano acusou a Rússia de enviar três comboios militares à zona oriental controlada pelos separatistas pró-russos.

O Ocidente sustenta que a Rússia esteve armando e encorajando a rebelião no leste da Ucrânia, algo que Moscou nega. É a primeira vez desde a assinatura dos acordos de paz de Minsk, em fevereiro, que os líderes francês, alemã e ucraniano se reúnem sem seu colega russo, Vladimir Putin, o que Kiev encara como "França e Alemanha estão no mesmo barco que nós", segundo uma fonte ucraniana.

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