Alemanha recebe recorde de imigrantes e xenofobia cresce no leste do país
A Alemanha deve receber um número recorde de 750 mil pedidos de asilo neste ano, estimou nesta terça-feira (18) o jornal Handelsblatt, citando fontes governamentais. O número é quase o dobro da última estimativa e foi divulgado no mesmo dia em que um relatório governamental apontou um importante aumento da violência contra os imigrantes no leste do país. Mais pobres e atrasados do que os vizinhos do oeste, os estados da antiga Alemanha Oriental são responsáveis por quase metade dos crimes raciais.
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O ministério do Interior se recusou a comentar a previsão do diário, mas deve divulgar uma nova estimativa nesta semana. Os últimos dados estimavam que 450 mil pessoas deveriam pedir asilo em 2015, o que já significava duas vezes o número registrado no ano passado.
A Alemanha é tradicionalmente o país que mais recebe pedidos de asilo na União Europeia. Mas o número tem aumentado exponencialmente com o grande afluxo de pessoas que fogem da guerra, da pobreza e da violência na Síria, Iraque, Líbia, Eritreia ou em outros países da África subsaariana, do Oriente Médio e dos Bálcãs. Esses últimos são particularmente numerosos: quase metade dos refugiados que entraram na Alemanha no primeiro semestre vinha do sudeste da Europa.
Violência xenófoba
Com o aumento da chegada dos imigrantes, cresce também a hostilidade e a violência xenófobas: nos seis primeiros meses do ano, foram registrados 150 incêndios criminosos e outros tipos de ataques contra abrigos para pessoas que aguardam a análise de seus pedidos de asilo.
É quase a mesma quantidade do ano passado inteiro. No final de julho, neonazistas invadiram um acampamento organizado pela Cruz Vermelha para receber cerca de 800 refugiados, principalmente sírios. A chanceler Angela Merkel e presidente Joachim Gauck pediram recentemente que os alemães lutem contra a intolerância e a xenofobia.
Leste xenófobo
Mas, de acordo com um relatório divulgado também nesta terça-feira pelo governo alemão, os crimes racistas cresceram quase 40% no leste do país no último ano. Os dados, que incluem ataques contra imigrantes, mas também a violência contra cidadãos alemães de origem estrangeira, mostram uma disparidade muito grande entre o leste e o oeste, apesar dos 25 anos de reunificação.
Mesmo contabilizando apenas um quinto da população, o leste - que inclui parte de Berlim e estados da antiga Alemanha Oriental - foi o palco de quase metade dos crimes raciais. Em números absolutos, 61 das 130 agressões registradas aconteceram no leste.
Um exemplo do crescimento da xenofobia na região é a popularidade do movimento islamofóbico PEGIDA (Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente). A organização conseguiu reunir mais de 25 mil pessoas em uma manifestação nas ruas de Dresden, no início do ano.
Passado um quarto de século da queda do muro de Berlim, o lado oriental continua atrás do oeste economicamente, com altas taxas de desemprego e cidades esvaziadas pela procura por trabalho em outras regiões.
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